sexta-feira, outubro 31, 2008

Sou ou estou?


Toda mudança brusca no seu estilo de vida te transforma. Fique mais feliz, triste, eufórico, desanimado de alguma maneira seu comportamento muda. Seja no trabalho, no visual ou num relacionamento, você altera sua rotina, parâmetros e perspectivas. Isso gera um efeito cascata em que, não raro, quem está a seu lado vai achar que você é outra pessoa.

Pois bem, quando isso acontece, como se difere o que você é e sempre foi do que você está por causa da mudança por qual passou? O que em você é genuíno, de sua personalidade e o que é sintoma temporário. E mais, esses sintomas podem deixar de ser temporários e tornarem-se parte definitiva?

Falo isso porque desde a última grande mudança da minha vida, tenho me visto diferente. Estou muito mais receptivo, simpático e easy-going. Muitos podem dizer, é claro, você agora está solteiro, quer mais é putanhar. Ou então, agora você está sozinho e não sabe lidar com isso, portanto, aceita qualquer programa que aparece pela frente.

Não, não é isso. Não nego que uma parcela se deva a isso. Todos temos posturas diferentes quando solteiros e compromissados. Mas me vejo constantemente fazendo coisas que sempre tive vontade de fazer , mas não podia. Minto, podia, mas optava por não fazer. Sou a favor de fazer concessões quando namoro, assim como as demando. Há tempos venho tendo vontade de aprender a comer comida japonesa, mas minha ex-namorada não tinha muita. Até tentamos algumas vezes juntos, mas eu me sentia mal por ela estar desconfortável com aquilo. Então desencanava, se fosse tão importante pra mim eu insistiria. O contrário era igual, quando minha ex queria fazer algo que eu não queria, eu ia, mas não sei se ela se sentia a vontade com isso. Acho mesmo é que ficava preocupada e não aproveitava do jeito que deveria.

O fato é que agora, eu faço de tudo. Vou a churrascos que não iria, vou comer comida japonesa, vou a festas em lugares que nunca me imaginaria. O primeiro pensamento foi culpar o namoro é claro. Não fazia coisas que não a agradavam. Mas é mentira. Enquanto estava namorando era feliz em conceder, e realmente não fazia nada contra minha vontade. Se fosse pra fazer “de cara feia” não ia. E não tinha tantas limitações assim.

Então me pergunto, esse cara, que faz de tudo agora, que experimenta, que não tem preconceitos, que é mais sociável, sou eu ou “estou eu”? Minha primeira impressão é a de que estou assim. Por ter me privado (conscientemente e de livre vontade) de muita coisa nos últimos anos, estou “tirando o atraso”. Quero fazer tudo que não fiz. Estou inebriado pela sensação de que posso tudo, estou me embriagando de liberdade.

Ao mesmo tempo, lembro de mim anos atrás, de como agia, como encarava certas coisas. Em algumas era muito pior, e minhas duas ex-namoradas foram grandes professoras na minha formação. Em outros pontos, vejo que sou igual, que não ligo para aglomeração de gente se for por um bom programa, que prefiro baladas a barzinhos, que ainda me dou bem com velhos amigos, mesmo que de uma maneira completamente diferente.

Por tudo isso, não consegui chegar a uma resposta, talvez o tempo dirá que sou só um babaca agindo por impulso pós mudança, ou se resgatei velhos hábitos e vontades. Se passar, sem problemas, mas se não, preciso trabalhar muito para não perder tudo isso na próxima vez que estiver com alguém. Pois tenho certeza que isso faria eu ter uma relação mais completa ainda, comigo e com qualquer outra pessoa.

5 comentários:

Anônimo disse...

Um pouco das minhas impressões já esta aí. Outro pouco é um o que está por trás do que está aí. Nunca imaginei um Kris-filósofo-do-ser-e-do-cotidiano. Essa é que é a maior surpresa... e isso é pertencente ao conjunto do "ser", não do "estar". Não acredito que esse tipo de coisa possa ser transitória.

Imara disse...

Nada mais constante do que a mudança Kris

Ela reflete sim nossa condição "atual" interna.

Limites são criados apenas pela nossa mente.

Acho q devemos sempre " nos reinventar".

bj

Kris Arruda disse...

Espero que muitas das coisas que estou sentindo e fazendo permaneçam mesmo...

Vou me esforçar pra isso...

Anônimo disse...

Depois de deixar alguns comentarios no seu blog, vou dormir...

Boa sorte em suas novas descobertas..

e lembre que "A amplidão do pensamento humano não é nem será, jamais, absoluta. Qualquer paradigma será sempre um filtro que restringe nossas possibilidades de interpretação da realidade."
Ruben Bauer

Kris Arruda disse...

Obrigado pelos comentários Anônimo. Muito obrigado mesmo. Me animou um pouco nessa noite gelada.