terça-feira, dezembro 05, 2006

Sem palavras - por M.Boudakian

Poderiam passar meses tentando me convencer com argumentos verbais de todos os tipos. Eu não cederia nunca. Poderiam me mostrar estudos de aumento de prazer de todos os cantos do mundo. Eu não cederia.

Hoje eu mudei de opinião. É raro acontecer para um caso desses. Mas não tive como sustentar nenhuma tese desfavorável a realidade que se apresentou para mim nessa manhã. Mas foi só eu ver a maldita foto que pronto. Eu mudei.

Karina Bacchi mudou minha opinião e para isso não precisou falar uma palavra. Bastou que tirasse a roupa. Ela estava lá, pelada e com um piercing. Aquilo me deixou perplexo, eu confesso. Eu sempre fui contra piercings, ainda mais no lugar onde ela colocou. Sim, lá mesmo.

Foi a mesma coisa com tatuagens, mas nesse caso foram minha namoradas as que me convenceram. Nunca tive uma namorada com piercing, mas com certeza estou mais aberto a idéia.

E se você acha que estou falando bobagens, que sou suscetível a essa estética imposta pela sociedade ou ainda me acha um sem vergonha, faça o seguinte, veja com seus próprios olhos. Uma imagem vale mais do que mil palavras.

terça-feira, novembro 07, 2006

Eu sou a minha mãe - por M.Boudakian

Quando era novo, lembro da minha mãe gritando conosco toda vez que ela vinha inspecionar a arrumação de malas para as viagens. Lembro até das chamadas:

- Dobre essa roupa direito, ponha as cuecas e as meias nos cantos e nos pequenos espaços da mala. Põe esse tênis numa sacola, não esqueça de levar um saco para roupa suja, pegue escova de dentes, pasta e escova de cabelo. Essa mala é para hoje.

Lembro também que toda vez que meu pai viajava a negócio, acompanhado ou não da minha mãe, ela que arrumava sua mala, afinal ele tinha que ficar concentrado nos trabalhos científicos que ia apresentar e tal.

Com o passar do tempo desenvolvi um certo apreço por arrumar a mala corretamente e a cada viagem devo dizer que melhoro um pouco, é sempre bom quando você está num lugar distante e pensa: putz se eu tivesse trazido tal coisa. E tal coisa está na mala.

Mas o que eu nunca imaginei era ter que fazer o papel da minha mãe esses dias. Minha namorada foi viajar a trabalho e eu arrumei a mala dela, eu ajudei a comprar a mala de mão e eu me comportei como a minha mãe:

- Você não tem a tarja com o nome na mala? E se ela se perde durante o vôo? Que absurdo. Vamos providenciar já.

terça-feira, outubro 24, 2006

Bullshit

Penso, logo escrevo. Por isso vivo falando que a satisfação pessoal está acima de tudo, que o que vale mesmo é ser feliz, estar rodeado de amigos e ter saúde.

Então, tudo isso vira bobagem quando você conhe o mundo, ou "The World" para ser mais exato.

The World é um empreendimento imobiliário que fala pra Deus que ele não é de nada. O Sheik Al Sunrikk Pran Caranba criou uma porção de ilhas artificiais que são dispostas de maneira que formem o mapa mundi. Por isso, Trilhardários do mundo todo vão poder comprar o Canadá se assim bem entenderem. E o melhor, o Canadá (deles) terá clima paradisíaco, areia fina e branca e mar cristalino.

Não tá conseguindo entender? Assista esse vídeo, não posso mais explicar, tenho que ir ganhar dinheiro.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Press Start

Como num jogo de videogame onde se corre desenfreado despencando em passagens secretas, rodadas de bônus e inimigos horrendos eu navego na Internet. Meio sem rumo saio clicando, ás vezes por curiosidade, outras por puro desgosto pela vida. O negócio é que numa dessas peregrinações achei histórias sobre anos sabáticos de variadas pessoas. OU seja, férias.

Isso era o que eu imaginava que os tais sabáticos eram. Uma bela desculpa pra ficar um monte de tempo sem fazer nada. Porém, resolvi me informar melhor para poder falar mal, e não é que descobri que o esquema não é tão pilantra assim? Segundo as definições e histórias que eu li um sabático não tem período definido, leva o tempo que se achar necessário. Nele seus objetivos são a reciclagem, mudança de perspectiva, introspecção, etc. Serve para você primeiramente prestar atenção no caminho que sua vida está tomando e num segundo momento analisar se é isso mesmo que você quer. O quase “retiro espiritual” é indicado a profissional com alguns anos de trabalho, nos Estados Unidos que é um lugar bem maleável isso se define como “de 6 em 6 anos”.

Apesar de apreciar muito os Estados Unidos da América, em particular sua culinária, devo colocar em discussão seu método. Seriam indicados os anos sabáticos apenas para quem tem toda essa experiência mesmo? Será que em vez de ficar perdendo 6 anos de nossas vidas até ter tempo pra pensar, não poderíamos já começar fazendo certo? Enfim, sabáticos seriam úteis também a jovens em começo de carreira?

A primeira vista parece que eu sou um tremendo de um preguiçoso, cogitando em arrumar um ano de folga para alguém que mal começou a trabalhar. Essa impressão é errada. Eu realmente sou preguiçoso mas não por causa disso. Sempre achei que sair do colegial com 17 anos e ter a responsabilidade de escolher o que vai ser quando crescer uma estupidez tremenda. Deixando de lado os sortudos médicos que nasceram para isso, todos passamos por inúmeras dúvidas na hora de escolher o caminho a ser seguido. Rumamos no caminho tradicional ou nos arriscamos a encontrar passagens secretas? Corremos atrás do previsível ou apostamos nas interrogações? O fato é que não temos idéia do que fazer.

Um sabático cairia bem, testar profissões, conhecer gente, conversarmos por horas com o espelho. Entender o que é interessante de verdade na vida sem a pressão de estudar para ser o melhor ou nos proteger dentro dos hostis ambientes corporativos. Ou as duas coisas ao mesmo tempo.

Esse jogo é complicado, ninguém disse que não é, porém não deveríamos perder tanto tempo da vida vivendo o que não é vida. Os fins apesar de terem esse nome não podem ser aceitos como coisas que se colhe apenas no fim. Ainda que começar o jogo com uma vida extra possa parecer baba demais é o mínimo. já que pode levar um game over sem nunca ter passado de fase.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Relacionamentos On line. - por M.Boudakian

Hoje eu comecei a pensar como a internet influenciou a maneira como nos relacionamos com as pessoas de forma geral. Ponderei especialmente sobre os relacionamentos amorosos, que sempre são os mais problemáticos. Orkut, Blogs, e-mails. Tudo que a outra pessoa faz com isso, ou dentro disso, tende a nos gerar uma curiosidade incontrolável. A informação a um clique de distancia. Como devemos nos comportar em relação a isso? Eu gosto que pensar que o adequado é:

- Orkut: Agora com esse negócio de controle de visitantes, evite ex-namoradas, ex-prospects e ex em geral. Qualquer visita pode causar uma impressão errada para um lado, ou outro ou todos. E de qualquer forma você vai acabar com um problema na mão. Já o orkut da namorada, recomendo uma visita semanal, apenas para uma auditoria básica e também para marcar o território, mas nada de testemonials ou scraps melados, por favor, seja homem.

- Blogs: Um blog é um diário, muitas vezes um lugar para desabafos, o que me leva a crer que lá você sempre vai encontrar “too much information”, no caso das ex, vale a mesma regra do orkut, evite ao máximo e caso a sua namorada tenha um, não veja sempre, nem leia com detalhes, as vezes é o lugar que ela escolheu para reclamar de você com as amigas, vai saber.

- E-mail: Nunca veja o e-mail das outras pessoas, além de ser ilegal é uma sacanagem dos infernos. Se você costuma fazer isso, faça terapia urgente.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Fino, Chique e Classudo.

As mulheres, sempre elas, nos levaram a procura incessante por adjetivos subjetivos que elas dizem valorizar muito. Quando pediram para sermos cultos fomos ler, se o caso era financeiro fizemos um empréstimo, sem reclamações, é para isso que estávamos aqui. E ainda estamos. De repente elas dificultam tudo e querem estilo, charme e classe? Se você colocar as palavras “charme” e “comprar” no Google o máximo que acha é um bouquet cafona a venda. Será que é isso?

Não se pode comprar algo desse tipo. Estilo pode ser alugado por meio de um personal stylist, mas de manhã após alguma horas enfiado nos lençóis ele não vai te ajudar muito. Então, já que comprar e alugar não funciona, como resolver esse problema? Como agradar as mulheres? O que se pode fazer?

Nada. Não tem jeito, essas coisas estão com você ou não. A notícia boa é que a grande maioria dos homens possui tais ingredientes em sua composição. De alguma maneira, com o passar dos anos montamos o repertório necessário para o desenvolvimento de tais características em nós mesmos. A notícia ruim é que, não necessariamente, seu estilo, charme ou classe serão compatíveis com os da pretendida.

Ás vezes todo seu estilo só joga contra. Não adianta se vestir com as últimas tendências, passar um perfume discreto e marcante, hidratar o cabelo quando seu alvo gosta de homem sujo. Num caso desses ou você tenta convencê-la que é muito menos asseado no fundo (o que pode não pegar muito bem), mas na minha opinião, caso você chegue de gel e ela goste de rasta, esteja com cheiro de sabonete e ela goste de cigarro, tenho se barbeado há algumas horas e ela ainda queira uma barba de gnomo: desista, essa menina é uma porca.

Charme, antes de ser o programa de Adriane Galisteu, era a graça sedutora própria de pessoa que agrada, cativa ou mesmo deslumbra. Ou seja, “tchans”. Tem pessoas que não tem, são bonitas, inteligentes, simpáticas, mas na hora H, não tem o “tchans”. Já o inverso também ocorre. O cara é feio, chato, burro, mas pega todas, ninguém sabe porque. Porque tem o “tchans”.

Já a Classe é relativa. O país, horário, ambiente entre outros influi na linha que limita a classe. Enquanto começar a comer antes da terceira pessoa ser servida num grande jantar formal pode ser considerado de extrema falta de classe, oferecer minhocas para sua acompanhante comer é extremamente bem visto entre sobreviventes de desastres aéreos. Eu mesmo no ultimo desastre aéreo por que passei fiz questão de oferecer minhas roupas de baixo para a construção de nossa cabana. Classudo.

Pensando muito sobre tudo isso entendo que esses três fatores são o que compõem o acaso. As mulheres mais importantes da vida de um homem aparecem ao acaso, não são matematicamente comprovadas como seu par ideal. Sempre irritam e amam demais, falam ou calam demais, deixando tudo isso demais. Mas caso não queira depender do acaso invista onde acredite ser melhor, eu por exemplo, em desastres aéreos sou o máximo.

terça-feira, setembro 19, 2006

Orgulho e dignidade

Hoje peguei um ônibus errado. Simplesmente porque não perguntei se ia para onde eu queria ir. Achei que perguntar me faria perder a dignidade.

Depois de andar 8 quarteirões de volta ao ponto de origem percebi que na verdade o que senti no ônibus era orgulho. Só quando cheguei suado, descabelado e atrasado no trabalho entendi o que era perder a dignidade.

(to be continued...)

quinta-feira, agosto 31, 2006

Ela ou eles?

Adoro minha cidade. Sair ás 4 horas da manhã e ver aquele bando de carros nas ruas me dá uma satisfação imensa. Saber que tem gente perdida que nem eu, fazendo sei lá o que essa hora.
Odeio minha cidade. Sair ás 2 horas da tarde num sábado e pegar trânsito na rua de casa é sacanagem. Pra onde esse povo todo está indo numa hora dessas? Só pode ser complô.
É impossível ter o melhor dos dois mundos. Uma cidade agitada e movimentada que não te cause certos empecilhos.

É possível ter um relacionamento sério e amigos de verdade? Sério, como um casamento ou algo que rume para isso. De verdade, daqueles de ver toda semana, tomar cerveja junto e falar besteira madrugada adentro. Quando se trata de casamentos e mesas de bar, é possível ter o melhor dos dois mundos?

Quando encontramos uma mulher que nos faz acreditar que 1 é melhor do que 10 não medimos esforços para fazer com que a relação dê certo. Invariavelmente o esforço é recompensado, a parceria nos problemas a serem resolvidos, o abraço quente numa noite de frio. Não tenho dúvida que se o amor fosse atletismo, eu seria um fundista invés de um corredor de explosão.

A vida de “casado” é delicada. Se não se pretende abdicar do mundo e viver em exclusividade para a amada terá que viver com negociações políticas. Trocar uma ida no bar por um almoço na sogra, uma pizza com os amigos por uma noite com um casal chatíssimo. Mesmo assim não se livrará de uma encheção de saco ocasional. Ainda que você tenha passado a noite na casa de um amigo tomando cerveja e falando sobre as perspectivas do Coritiba na série B a cobrança pode existir como se tivesse ido num prostíbulo de segunda para dar um trato em alguma guria.

O desgaste pode se tornar insuportável, afinal até onde vai a paciência dos dois. Por um lado você quer tratar bem sua respectiva, lhe mostrar que ela é mais especial do que qualquer curitibana safada. Do outro não pretende abandonar os amigos justamente quando o campeonato está fervendo e pede a análise dos maiores críticos de futebol marginal existentes.

Será possível achar o meio termo, conciliar as duas coisas sem maiores prejuízos a nenhuma das relações? Dá para tocar as situações para que sua mulher não ache que está sendo preterida nem que seus amigos o acusem de frouxo?

Amo minha cidade. Nosso amor cresceu com os anos, depois de muitos engarrafamentos aprendi a lidar com suas vias, sair no horário certo e voltar antes que o tempo fechasse. Assim aproveito o movimento dos cafés de madrugada sem me irritar com o tempo que a conta demora pra chegar na mesa.

Enfim, chegando a um meio termo tudo pode funcionar, não saia todos os dias da semana com os amigos nem se tranque todas as noites com a esposa, abra exceções quando necessário e saiba entender quando ela quiser sair também. Assim se sairá bem sem maiores prejuízos, é só voltar pra casa antes do tempo fechar.

terça-feira, agosto 29, 2006

Ser independente

A assistente do departamento que cuida de todas as burocracias profissionais está doente. A secretária do meu pai que cuida de todas minhas burocracias pessoais está mudando de emprego. A faxineira que cuida de toda minha bagunça está tirando férias.

Será um longo, tenebroso e desordenado inverno.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Desabafo

Não sei se tem a ver com ser macho, muito menos moderno, porém preciso falar sobre isso.

A lição definitiva sobre elevadores em que você pode apertar o botão "DESCE" ou "SOBE". Não importa aonde o elevador esteja, se você, indivíduo, quiser ir para baixo aperte "DESCE", se quiser ir para cima "SOBE".

Por exemplo: Você está no sétimo andar e o elevador está no quinto. Não aperte "SOBE", você não manda no elevador. Você só avisa o quer fazer que ele vai estar te atendendo assim que possível. É como um atendente de telemarketing.

Não é difícil. Se não consegue memorizar tente fazer o seguinte para decorar:

PRA DESCER É "DESCE", PRA SUBIR "SOBE"!

sexta-feira, agosto 18, 2006

Amélia é que é mulher de verdade - por M.Boudakian

Ando tão acostumado com esse mundo moderno, que outro dia conversando com uma amiga no MSN, fiquei inicialmente chocado com uma de suas colocações:

- Tudo que eu queria era um marido para me sustentar.

Minha primeira reação, que controlei, foi de lhe passar um sermão sobre as responsabilidades que uma pessoa na idade dela tem, que isso não é coisa que se fale, que a vida não é fácil assim e etc. Dez segundos depois percebi a estupidez que estava prestes a cometer e percebi o valor daquela frase que me atordoara no momento anterior. Perguntei:

- Mas aí você ia ficar em casa?
- É?
- Lavando, passando, cozinhando.
- Se precisar sim né, e lógico, cuidando dos filhos também.

Pois é, acho em que toda minha vida, foi a primeira vez que eu ouvi uma coisa dessas, e acho que vai ser a última também. Amélia era sim mulher de verdade, mas infelizmente saiu de linha.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Resgate

Para variar um pouco meu cartão de crédito resolver pagar algo pra mim invés do contrário.

Meus pontos acumulados dão direito a poucas coisas. Um livro, uma baixela, assinatura semestral de algumas revistas.

Resolvi pegar uma revista. Depois de analisar todos os títulos disponíveis fiquei entre duas publicações sobre coisas que nunca vou ter:

Playboy e Casa Claudia.

Recorri ao meu amigo Paulo Coelho, que não é mago mas costuma ver as coisas com clareza.

A resposta foi simples:

"Pega a Casa Claudia, não tem muitos moleques de 15 anos scaneando elas e disponibilizando na net."

Já a Playboy é só clicar abaixo...

quarta-feira, agosto 09, 2006

Motivação

Procuro usar a internet no trabalho como ferramenta motivacional.

Pode-se encontrar novos fatores a cada navegada.

Veja esse vídeo francês por exemplo.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Bugs

Está lá no livro de regras não escritas:

Os homens devem cuidar dos insetos.

O pernilongo que incomoda na noite quente, a barata que interrompe uma sessão de cinema em casa ou a lagartixa que espia seu sono de ponta cabeça.

Justo.

O que não é justo é barata voadora. Isso não é justo.

Uma barata com asas equivale ao Stephen Hawking com o corpo do Brad Pitt. Concorrência desleal.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Ambientes

O ritual do acasalamento é diferente para cada espécie, cada ser vivo tem seu próprio, cheio de particularidades. Em algumas espécies de inseto, por exemplo, após o coito a fêmea pode simplesmente arrancar a cabeça de seu parceiro. Decapitações a parte, podemos encontrar pontos em comum em tais rituais. O cortejo, o ato e caso seja descuidado a gestação. Mas se temos que começar por algum fator, que seja a aproximação. Deve ser num canto mais escondido e calmo da floresta, a luz de vagalumes ou é melhor apelar para uma árvore point, onde a sedução e a paixão, assim como as teias, estão no ar.

Transportando para nosso mundo, pensamos se um bar do badalado bairro de Moema possa servir de árvore point. As conversas paralelas nos colocam num liquidificador de situações. In loco, podemos perceber pela experiência dos outros, o que funciona e o que não. Os chopps indo e voltando, os garçons passando, a música ao vivo, todo esse caos organizado que nos obriga a chegar mais perto uns dos outros a fim de nos entendermos. Primeiro os joelhos se encostam, e a partir daí um o constante desconforto físico contrasta com o conforto mental. A fala mole, o éter, a porção de bolinhos de carne seca, tudo isso assistindo um primeiro beijo apaixonado que emudece todo o ambiente, por esse instante o recinto parece parar e observar mais um caso de amor nascendo, bem ali, na esquina da mesa número 27.

Talvez você ache que o primeiro encontro deva ser feito à moda antiga. Um restaurante do charmoso Centro da cidade pode servir de cenário perfeito para os próximos Romeu e Julieta de nossa história. Sem a parte do veneno é claro. Aqueles que são seduzidos pela nobre arte do jantar a dois podem se deliciar com uma massa leve, acompanhada de movimentos milimétricos para o encontro de duas mãos no meio da quadriculada toalha de mesa. Um vinho também serve a ocasião. O álcool que molha os lábios é o mesmo que os embebeda de hospitalidade. Tudo para encerrar a noite com o beijo de boa noite original, aquele que começa de lado, mas que se endireita com os braços que cruzam as costas da pretendida. O caminho não é fácil como parece, mas a recompensa é válida.

Prestando mais atenção nos documentários do Discovery Channel, podemos perceber que os ambientes escolhidos pelos animais, para a reprodução são diversos, extrapolam os limites da imaginação, na folha, na chuva, na dispensa ou numa casinha de sapê os casais acabam se entendendo, se amam do melhor jeito que existe, sem preocupação. Copiemos então nossos parentes do reino animal, o sucesso parece ser garantido. Tirando os insetos é claro.

* Texto publicado na Revista Absoluta Junho/2006

Homens também penduram - por M. Boudakian

É incrível a discriminação que os homens sofrem quando se trata de infra-estrutura de vestiários. Comecei a fazer natação e percebi que ao longo desses 3 anos que eu fiquei parado, nada mudou.

Por exemplo, porque a maioria dos vestiários femininos tem armários no lado de dentro e os masculinos não? Porque os banheiros femininos têm ganchos para pendurar coisas em quase todos os lugares e o masculino não?

É como se nós machos modernos não tivéssemos o que pendurar. No meu caso tenho que pendurar o porta-terno, meu roupão, o kit piscina (sunga, touca e óculos) e ainda a nécessaire. É o mínimo. Fora que muitas vezes não se tem onde pendurar a toalha fora do Box do chuveiro, um despropósito inaceitável.

Acho que quando os arquitetos se reúnem para discutir as instalações masculinas nas academias, deve acontecer algo mais ou menos assim:

- Que faremos com o banheiro masculino?
- Nada de mais, são homens mesmo.
- E daí?
- Eles tacam tudo no chão, são porcos.
- Não exagere.
- É verdade, passe isso para aquele estagiário novo.

Fica aqui o protesto, no meio tempo, instala uns ganchinhos aí pô.

segunda-feira, julho 24, 2006

Considerações do final de semana

É oficial:

- comer besteira realmente engorda, minhas calças jeans provaram isso após a comilança desenfreada dos últimos dias.

- Eu e meu amigo cronista Murilo somos mais mulherzinhas que nossas namoradas. Durante um encontro nesse sábado elas pediram para mudar de assunto quando falávamos de produtos que usávamos no cabelo. Nosso cabelo é enrolado pô.

- Precisam levar gente que entende mais de mulher para o concurso de Miss Universo. Escolherem a Porto-Riquenha em vez da Boliviana ou da Japonesa (clone da Lana Lang do Smallville) é um ultraje. Espero que ano que vem entreguem a quem entende. Sou voluntário junto com os cronistas reunidos, até manifestamos nossa indignação via Podcast.

quinta-feira, julho 20, 2006

Você é burro?

Burro é aquele que acha que já sabe tudo, já diria alguém importante, mas não tão famoso. Segundo esse cara eu não sou burro, já na perspectiva de outros não me garanto. Arquitetos por exemplo. Confio plenamente no trabalho deles, uma casa funciona melhor sob a batuta deles. Apesar de ser um aficionado por carros, nos últimos tempos tenho me importado muito mais com minha casa, o sofá certo, louças apresentáveis, o tema da decoração. Tudo isso é trabalho de um arquiteto/decorador, mas como não tenho recursos para contratar um, faço eu mesmo. Ou quase.

Minha primeira aventura como decorador aconteceu quando eu ainda era um adolescente. Infelizmente faz tempo. Mudei de apartamento e minha mãe me disse para fazer o quarto como eu quisesse. Desenhei móveis, escolhi posters, enfeites. O projeto tinha ótimas intenções, porém após a execução, excetuando o toldo listrado vermelho e branco, tinha minha própria filial do Friday´s. Eu era apenas um menino, a catastrófica poluição visual não certificava minha burrice, apenas uma fase em que sua personalidade muda tanto quanto sua voz. Em certa época tinha uma placa de rua da Coca-Cola na minha cabeceira e uma coleção de latinhas de alumínio (elas me fascinavam, amassar uma lata de refrigerante com a mão, quem diria). Minha tentativa de Arte Pop era bacana no começo, quando tinha 15 anos, no fim já parecia estar num ferro velho.

Traumatizado e escolado, quando mudei para meu próprio apartamento resolvi ser moderno. O minimalismo estava na moda e eu tinha pouco dinheiro, nada melhor que seguir a linha “menos é mais”. Junto dessa filosofia adotei o conceito de Loft, sem paredes, ambientes integrados. Assim alcancei uma uniformidade nos cômodos, todos se pareciam com o depósito de tranqueiras.

Agora vou mudar de novo, um apartamento maior, uns seis metros quadrados maior, lá poderei continuar minha saga arquitetônica, mas dessa vez resolvi deixar de ser burro. Desisti de saber tudo então resolvi aprender, ou melhor dizendo, roubar idéia dos outros. Devoro as revistas de decoração que encontro, MiniMáximo, Pequenos Ambientes, e o que mais aparecer pela frente. Casa Claudia eu reservo para os dias em que jogo na Mega Sena e tenho que planejar o que vou fazer com o dinheiro. A observação também ajuda, depois de certo ponto é natural, você vai visitar os amigos e de repente se pega deitado embaixo do gabinete da pia pra saber quem fez. Tenho fé que conseguirei executar minha primeira decoração decente. Afinal, as revistas possuem os contatos, as dicas, as fotos, se mais uma vez, não conseguir ao menos dar uma enganada, não vai ter jeito, terei que admitir que sou burro mesmo.

sexta-feira, julho 14, 2006

A casa é sua

Sempre penso na besteira que fiz ao deixar a casa dos meus pais. Afinal, troquei um quarto grande, aquecimento central e roupa lavada por 30 metros quadrados de tijolo com um chuveiro pinga-pinga. Sem contar que ainda pago caro por essa opção. Mas acabo sempre percebendo que existe um ganho na troca, eu não sei dizer qual é, mas existe. Quando recebo visitas percebo que sou gente grande e ao fazer o tour pela casa percebo como ela é pequena. Pequena e desajeitada.

No começo era peculiar. Minha cama megalomaníaca tinha que ficar na sala, na frente dela uma cômoda para abrigar a TV. No “quarto” três armários que não valiam um. Muitas caixas fechadas. Frágil. Canecas. Carrinhos. Etc. Oferecia algo pra beber, mas inexplicavelmente ninguém se interessava em água fresca da torneira. A opção era passar por cima da cama para abrir a janela e proporcionar um pouco de ar. Acaba rápido em locais assim.

Cansei de acordar com o barulho dos vizinhos no hall, mesmo com a porta fechada podíamos nos cumprimentar. Me desfiz de um armário, entulhei tudo nos outros dois, o que me totalizava em números absolutos meio armário. A cama foi para o quarto, na sala ficaram um tapete dois pufes e um móvel com TV. Agora também tinha geladeira, assim podia oferecer água gelada da torneira e em dias bons alguma coisa potável. Gelada. O ar continuava sucesso de público.

Enfim tomei vergonha na cara, comprei sofá e cortinas. Poderia dizer que se parecia com um apartamento, mas tenho que confessar que lembrava mais uma venda de garagem. Caixas. Frágil. Canecas. Etc. Os móveis atropelavam uns aos outros, pra levantar do sofá você tinha que buzinar para a pessoa do compuatdor dar passagem. Ofereci vinho insolentemente, aceitaram, em copos de requeijão é verdade, mas ao menos tinham algo para acompanhar o sempre requisitado ar, vindo agora de trás do sofá.

Sempre penso na besteira que fiz ao deixar a casa dos meus pais. Afinal, troquei um quarto grande, aquecimento central e roupa lavada por 30 metros quadrados de tijolo com um chuveiro pinga-pinga. Mas uma coisa eu sei que é fantástica na minha casa. O ar.

PS: Valeu pelas taças primo!

quarta-feira, julho 12, 2006

Pela madrugada

Um bom papo nunca deve ser dispensado, afinal são esses os grandes momentos da vida, assim como dormir fora de casa sem planejar, comer um hot dog completo em plena madrugada entre outras coisas.

Segunda engatei num papo com um brother que terminou ás 4:20 depois de um pacote de cookies e coca-cola (É esse meu amigo não bebe). Já na Terça fiquei até ás 2:10 com outro amigo, este está em fase de preparativos para o casamento. Os dois papos foram distintos mas muito estimulantes. Fico feliz em ter essa consideração pelos meus amigos.Uma pena as pessoas não enxergarem assim.

(principalmente meu chefe que me faz chegar ás 8:30)....zZzZzZzZ....

domingo, julho 09, 2006

Desapego...

Uma madrugada de arrumação nos meus amados 30 metros quadrados que chamo de casa

Peguei todas as caixas que ainda não desempacotei desde que mudei, abri as portas dos armários, desenterrei as pastas de contas, notas e manuais.

Decidi exercitar meu desapego as coisas materiais, me livrar daquilo que não preciso. Afinal uma coisa que está empacotada há um ano, uma camiseta que não é usada há dois e demonstrativos de compras do arby´s não podem ser importantes.

De aproximadamente 10 metros cúbicos de tralha tirei duas camisetas de propaganda, uma máscara do jason e os envelopes que envolviam as minhas contas.

quinta-feira, julho 06, 2006

Eu quero a minha mãe!

As roupas a empregada lava, as compras eu até gosto de fazer, as contas são chatas mas damos um jeito.

Mas e quando você acorda doente? Quem vai te trazer café da manhã e falar que é melhor ficar na cama?

quinta-feira, junho 29, 2006

20 e poucos...

Cada vez mais ouço que os 20 e poucos anos são os melhores da sua vida. É a época que que se alcança o melhor equilíbrio entre independência e responsabilidade.

Pertenço a tal faixa etária, sou um homem moderno, comprometido, moro sozinho, estou cercado de amigos. A felicidade total me espera...

Agora só falta eu comunicar isso a comgas, eletropaulo, telefonica, imobiliária, prefeitura, lavanderia, postos de combústivel...

quarta-feira, junho 14, 2006

Jantar a dois

Você descobre que não é um macho tão moderno quando, ao preparar um jantar a dois:

- Pega forno elétrico emprestado da mãe

- Bebe vinho em copo de refrigerante

- Coloca as velas e a manteiga no mesmo tipo de recipiente que, na verdade, é feito para abrigar amendoins

quinta-feira, junho 08, 2006

Elas com elas

Sou uma pessoa que evita as convenções. Simpósios também, mas isso não vem ao caso. Se todos usam preto, quero o branco. Se todos ouvem Jazz ouço Polka. Se todos vão para um lado vou para o mesmo para não ser atropelado.Todavia, em um aspecto específico, apenas vou com a maré, sento na janela do bonde, sou um “Maria-vai-com-as-outras”. Quando se trata de fantasia sexual, sou comum e mundano, tradicional, não projeto nenhuma loucura fora dos padrões, quero o que qualquer homem adulto brasileiro deseja: Uma relação com duas mulheres, bissexuais.

Bissexuais. Não me engano no termo. Muitos se referem aos elementos dessa fantasia como um homem e duas lésbicas. Engano comum. Um homem e duas lésbicas resultariam no máximo em duas mulheres embrenhadas em beijos, toques e afagos, observadas por homem, boquiaberto, num canto do quarto. Ainda que o interesse por tal fantasia exista, não a coloca no topo da lista. No segundo lugar talvez.

Talvez seja por causa de nossas mães. Freud, provavelmente, explicaria assim, esse nosso desejo de nos relacionar com duas mulheres ao mesmo tempo. Mas eu discordo. Minha mãe não tem nada a ver com isso, aliás, ela é a última coisa que passaria pela minha cabeça num momento desses. Quem sabe primas.

Quem sabe não haja explicação. Pode ser inútil perguntar. Um homem quando escala o Everest só entende o sentido de tudo que fez quando chega ao cume. Só o cume interessa. A jornada serve pra encher lingüiça, contar vantagem, o cume é que traz a revelação. Esta por sua vez, fica guardada para o alpinista. Não se sabe a razão. Pode ser porque a experiência seja transcendental, coisa do eu com o eu-mesmo sabe. A batalha contra o insucesso, o medo, a dor. Ás vezes é uma lei universal, só saberão o porquê aqueles que chegarem aqui em cima. Ou talvez não seja nada interessante o suficiente pra ser contado. Algo do tipo: “Nossa, é alto mesmo”.

Mesmo assim, todos querem o cume. O desafio é tentador demais para ser deixado de lado. Já ouvi esses palestrantes de auto-ajuda dizerem que cada um tem seu próprio Everest. O de 99% dos homens é um ménage-a-trois, os restantes são alpinistas.

segunda-feira, junho 05, 2006

Expresso

Não acredito na teoria de que, o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. As culturas são extremamente diferentes, o poder aquisitivo nem se compara, além é claro da habilidade com a bola nos pés. Porém, uma mania americana está cada vez mais próxima de se tornar brasileira. Os Cafés. Os estadunidenses são loucos por café, a ponto de formarem imensas filas nas portas dos Starbucks (gigante rede de cafeterias americana) por toda a nação. O brasileiro contando com a vanguarda paulista está tomando gosto pela coisa, ainda que, trocando os “chafés” extremamente fracos por encorpados expressos e preterindo o gordinho muffin por um discreto pão de queijo.

Na terra da garoa, chovem novas cafeterias a cada dia. O Fran´s Café foi um dos primeiros, com cardápio de cantina de escola, conquistou os paulistas aos poucos com uma infinidade de opções, além do grande atrativo de funcionar 24 horas por dia. Salvação do homem moderno nas madrugadas. Boêmio e faminto. Há também outros estabelecimentos do ramo que se destacam cada vez mais; como o não politizado Café Suplicy e o pecaminoso Santo Grão. Cada um com sua particularidade.

Característica comum a maioria, importada dos gringos, são as redes Wi-Fi. Estas redes sem fio possibilitam a conexão com a Internet de qualquer lugar do café, desde que seu dispositivo seja compatível com a tecnologia. Direto de sua confortável poltrona você pode trabalhar a vontade em seu notebook ou PDA favorito. Nada melhor para o homem que precisa trabalhar em trânsito. Enviar e-mails, acessar redes externas, consultar informações ou efetuar transações. Tudo isso num ambiente calmo e descontraído. Sem falsas promessas ou necessidades forçadas, a modernidade aqui é objetiva, facilita nossas vidas, ao ponto de não sabermos mais o que faríamos sem ela.

Esquecendo o corporativismo, o café moderno tem aplicações pessoais inegáveis. Arrisco dizer que é o melhor ponto de encontro já inventado. O ambiente é agradável, muitas vezes tem poltronas mais confortáveis que sua própria cama, o que invariavelmente nos faz pensar que precisamos de uma cama nova. Os atendentes são bem apessoados e nunca te “botam para fora” do estabelecimento. Se for a opção, pode-se gastar pouco, tanto dinheiro quanto calorias, afinal, café é barato e não engorda (falando do puro com adoçante é claro). Com uma neutralidade que beira o insípido, o Café agrada a gregos e troianos, caracterizando o “point” como um coringa. Não sabe onde ir, vá a um café. Caso esteja flertando com alguém peça um Moccha, doce e diferente. Se a companhia for uma namorada preste a ser dispensada tente um Café gelado, nunca se sabe qual vai ser sua reação e café quente queima. Já se for uma dessas conversas sérias com o sogro prove um Irish Coffe mesmo. Amargo e alcoólico.

Independente do uso coletivo, o que admiro mais nos cafés atuais é a possibilidade de aproveitá-los sozinho. Sem depender de ninguém. Nunca fui bom nisso, as pessoas olhando pra mim se perguntando porque eu estaria desacompanhado. Eu, incomodado, ficava fingindo que alguém ia chegar ou então fingia ligar para alguém. Mas não me sinto assim nos cafés modernos, seja com meu livro ou notebook me sinto a vontade com os outros companheiros solitários, aproveito o máximo de mim. Ponho as idéias no lugar. Tente você também. Escolha seu café. O meu é puro e com açúcar. Como a vida deve ser.

* Texto publicado na revista Absoluta de Maio de 2006

quarta-feira, maio 24, 2006

Caso ou compro uma bicicleta?

Minhas dúvidas na vida ficam cada vez mais esquisitas.

Estou com um dinheiro na mão e não sei se compro um Terno ou um Forno Elétrico.

Tem problema ambas opções me deixarem muito feliz?

sexta-feira, maio 19, 2006

Sim Senhora!

O que, anos atrás, poderia ser considerado heresia, contravenção ou até viadagem em países mais rigorosos, é cada vez mais normal. Sem precisar se travestir na frente dos amigos, como faziam os homens que sempre tinham a ultima palavra em casa (sim senhora), os machos estão cada vez mais botando as asinhas de dentro. Seja na escolha da cidade onde moram ou na balada de sábado os homens decidem muitas vezes suprimir suas vontades no intuito de agradar as amadas. Livres da obrigação de serem os chefes da relação, os homens muitas vezes deixam as mulheres tomarem as rédeas da situação.

Dos submissos podemos destacar dois grupos. O primeiro, mas não mais importante, é o grupo dos maleáveis. Estes, também chamados de “tantufaz” não ligam em ceder as suas vontades já que qualquer paixão os diverte. Sabem que se incomodarão menos do que a parceira em fazer o que não tem vontade. Por isso prontamente se dispõe a abdicar de suas vidas em favor das delas.

O segundo grupo engloba aqueles que não tem opção. São submissos porque é isso que podem ser. São freqüentemente chamados de “frouxos”, o que é uma inverdade visto a situação em que ficam quando acham que a mulher não vai gostar de algo que fizeram.

O ideal, como sempre parece ser inatingível. Nós que temos personalidade para exigir o que queremos temos que manter nosso direito, ao mesmo tempo saber que ir para o bar com os amigos no aniversário de 10 anos de namoro não é das coisas mais agradáveis a se fazer. O equilíbrio dá a relação a dose certa de respeito e individualidade que os dois participantes (ou quarenta e sete se você é um sultão do Oriente Médio) precisam para manterem-se mentalmente saudáveis. Nós temos que saber quando ceder e ao mesmo tempo não nos aproveitar da submissão delas. Tarefa fácil já que temos um histórico longo a despeito de tal posição.

Já as mulheres não conhecem o contrário, tudo isso é muito novo pra elas, historicamente falando. Para elas só deixo um conselho, não faça como o PT, se chegarem com muita sede ao pote derrubarão tudo e a sujeira pode ser difícil de limpar.

sexta-feira, maio 12, 2006

A ferramenta certa

Nada como relembrar nossos ancestrais quando temos um problema e assim superarmos com méritos unicamente próprios os obstáculos que a vida nos traz. O macho pré-histórico não tinha delivery, nem visita do técnico. Quando muito um bichinho morria em frente a sua morada e olhe lá. Mas nada além de um esquilo mal nutrido ou uma tartaruga cascuda. Superficialmente as necessidades obviamente mudaram, mas no fundo o que queremos quando ligamos pra pizzaria é a comida. O homem pré-histórico, não conhecendo o serviço de entrega, ou apenas não sabendo do imã de geladeria promocional, no mundo de hoje teria que sair de casa, ir pulando até o estabelecimento, quebrar a porta de entrada, quebrar alguns ossos dos humanos que estivessem na espera, bater com a clava na cabeça do pizzaiolo e arrastar a redonda até em casa. Nós sabemos que isso é um desperdício de energia. Porém existem circunstâncias em que a situação se inverte. Precisamos nós mesmo fazer o serviço sujo. Como? Fácil! É só ir até uma “mega store de construção”.

Nos serviços de casa estamos muito bem cobertos por tais lojas. Em São Paulo, por exemplo, existem uma porção delas, que vendem os mais diversos aparatos para a resolução de problemas domésticos. Não pense no entanto que são lojas comuns. Falamos de aqui de hangares de material: tampas de privada, sifões, espelhos de tomada, prateleiras e “Tês”. Ou benjamins. Na primeira vez que entrei numa dessas, tive certeza que errei em não dizer “Eu te amo” pra minha namorada na última ligação. Com certeza nunca mais sairia de lá vivo e que uma vez no meio daquelas gôndolas, o celular não teria mais recepção. Porém, para meu alívio, em um lugar coberto de profissionalismo e técnica não poderiam faltar técnicos profissionais. Estes, além conhecer cada pecinha de seu estoque também podem lhe indicar aonde ir e como não se perder. Estão prontos a te atender a hora que for – algumas “mega stores” funcionam 24 horas por dia. Portanto, deu uma dor de barriga durante a noite e não ficou satisfeito com o desempenho do vaso, é só correr pra lá.

Dia desses recorri a essa maravilha. Não ao vaso. Ou melhor, ao vaso também, mas prefiro não falar de tal assunto. Fui até uma dessas lojas. Um dos técnicos me ajudou a achar o setor de prateleiras. Após passar por três navios aparentemente naufragados e todos os personagens de Lost (que não me surprenderam em estarem lá), peguei três prateleiras de madeira, brancas, fixadas por três grossos pinos, de ferro, que por sua vez eram fixados por dois parafusos cada. Fácil.

Quando comecei a instalação percebi que precisaria de ajuda. Independente de ser um macho moderno que respeita seus ancestrais, reconheço quando não sou capaz de executar um serviço sozinho. Era um pouco mais complicado do que parecia. Tábuas de um metro e meio de largura não são fáceis de se segurar sozinho. Era um trabalho para dois. Um executava e o outro coordenava. “Isso, assim, continua, mais força.”. Gritei bastante. Após 1 hora e meia de trabalho duro e quatro reclamações por barulho incabíveis num domnigo, os nove pinos estavam fixos. O trabalho de encaixar as prateleiras ficou para mim. Três furos, três pinos, é só encaixar.

Infelizmente, não foi assim, o fabricante não especificou que a distância dos pinos tinha que ser exatamente igual a dos buracos, afinal o que são dois centímetros de diferença? Mas tudo bem, vou na loja e resolverei isso como um homem: chamo um técnico profissional e trago ele pra casa. Nem que seja a tapa.

* Texto publicado na Revista Absoluta de Abril 2006

quarta-feira, maio 10, 2006

Brinquedos.

Os lançamentos do ano no mundo dos video-games prometem. As melhorias em gráficos e jogabilidade são certas. Porém os protagonistas da vez são os joysticks.

Tanto o "controle" do Nintendo Wii como o do Playstation 3 trazem uma grande inovação na maneira de se jogar. Ambos possuem sensor de movimento. Este por sua vez faz com que a movimentação por si só do joystick de um lado para o outro, independente do acionamento de botões, possa comandar os movimentos na tela.

Ou seja, até que enfim virar o controle pro lado quando se quer fazer uma curva no jogo de corrida vai servir para alguma coisa. Só faltam agora botões com sensibilidade de pressão.

quinta-feira, maio 04, 2006

Justiceiros.

Na época da criação, Deus, ainda jovem, empreendedor e intuitivo, achou que seria legal criar o homem em duas versões. Um com “didi” e a outra com “dada”. Estas duas versões popularmente conhecidas como macho e fêmea, tem como elo de ligação maior seu encaixe perfeito. O didi entra na dada pra fazer bebê. Ou não. Deus teve a feliz idéia de colocar prazer nessa relação, sem imaginar nos problemas que isso ocasionaria. Foi enfim, inconsequente. Jovens.

Um dos problemas surgiu quando pela primeira vez, Eva disse que estava com dor de cabeça e Adão se viu ali deitado, ou de pé, não se sabe ao certo, as escrituras são confusas. Enfim, não demorou muito para Adão improvisar, e percebendo que daquele mato não sairia cachorro, muito menos periquita, inventou a masturbação. Nome científico para tocar uma bronha, mandar um cinco-contra-um, fazer justiça com as próprias mãos ou simplesmente bater uma.

O legado deixado para os homens solitários do mundo foi imensurável. Poucos feitos na humanidade tiveram tanto valor e importância. Quando digo solitários não digo apenas os que não tem cônjuge. Me refiro sim, a homens momentaneamente sozinhos. Ás vezes por um motivo qualquer, uma lembrança, um programa de TV ou o inquietante e surpreendente grito da vizinha dispara a necessidade do macho se “didivertir”. Basta realmente isso, ainda que as mulheres fiquem indignadas é real. Como é possível se animar tanto com tão pouco. Não sei, mas basta um segundo e já estamos prontos. Ironicamente, esta é uma qualidade a qual não podemos controlar, o que por vezes causa um certo desconforto.

Não tem como negar, homens se masturbam. Sempre. Estejam namorando ou não. Ainda que a freqüência seja ínfima, comparada aos seus 13 anos, a atividade tem extrema importância na vida do Macho Moderno. Seja para se desestressar de um longo dia de trabalho ou para se preparar para uma noite inesquecível. A atividade tem faculdades relaxantes capazes de curar até bico de papagaio, dizem especialistas. O benefício do treinamento é evidente, se efetuado algumas horas antes do ato sexual fará com que a mulher peça mais. E o homem consiga dar.

É bom deixar as coisas claras, transar e se masturbar não ocupam o mesmo lugar, um não substitui o outro, um movimento de mão não é um coito. Apesar de proporcionar sensações similares tem características totalmente diferentes. A transa é como o tênis, os participantes interagem, se esforçando menos, ou mais, dependendo da disposição. Cada partida é diferente da próxima, tem dias bons e ruins. Já a masturbação é como jogar squash sozinho, geralmente se bate a bolinha na parede até a exaustão, ou como se diz comumente, bota-se a língua pra fora.

Então, homens, continuem assim, faz bem e não traz pêlos às mãos, mulheres aceitem, melhora a performance sexual e evita chifres. Esse é um direito dos homens, e temos que lutar por eles, nem que seja com as próprias mãos.

terça-feira, maio 02, 2006

Consistência

Não me aflige o fato da vida endurecer cada vez mais.

O que me preocupa é o ponto de estresse da dita cuja.

terça-feira, abril 25, 2006

Dentro da Caixa.

As fotos de minhas antigas namoradas, nunca rasguei. Não me dão saudades. Mentira. Não representam nada pra mim.Verdade parcial. Não tem como dizer que algo que um dia significou tanto simplesmente se apague como uma velha Polaroid.

Quando nos envolvemos em um relacionamento de verdade, seja um noivado de sete anos ou uma leviandade com uma prima de segundo grau, doamos parte de nós ao conjunto que formamos com essa pessoa. Certas palavras, apelidos e lugares ficarão eternamente vinculados a soma dos dois. Nem seu, nem dela, dos dois.

Isso não é maldição, nem digno de pesar, é apenas parte do que somos. Uma parte sua ainda vai chamá-la de “gatinha”, parte dela ainda vai lhe chamar de “gostoso”. Não que isso tenha alguma coisa a ver com gostosura. E muito menos você a confunde com algum tipo de felino, uma onça quem sabe, se o desligamento for recente.

Mas como seguir a vida com todo seu passado tão presente. As memórias, as imagens, sons e cheiros, sempre mexendo com sua cabeça, lhe trazendo aquele constante temor de ato falho. Os fotos só se rasgam fisicamente. Esse desrespeito consigo mesmo não é capaz de apagar as imagens gravadas.

Eu tenho um processo. Começo tirando as fotos dos murais, dos porta-retratos na cabeceira da cama, do fundo do celular. Acho um lugar especial, um depósito muito bem cuidado, isolado, separo numa caixa adequada todos os restaurantes de tardes de sábado, todas as pousadas simples e mágicas de fins de semana de setembro, não deixo pra trás nem aquelas risadas gostosas deitados no sofá da casa dela. Com o cuidado que se pega um jogo de copo de cristais que se ganha de herança, daqueles que queria muito, mas sabe-se que nunca vai usar, deposito tudo no fundo dessa caixa. Fecho vagarosamente, deixando a tampa deslizar aos poucos, assisto esse eclipse permanente de lembranças sabendo que nunca observarei algo igual. Só similar. Coloco numa estante, para me esperar como aquela bonita edição da Divina Comédia. O Inferno, O Purgatório e O Paraíso todos juntos, uma obra-prima que dificilmente vou ler por completo. Apenas gosto de ter, acho importante. Enfim fecho o depósito, sem ter que olhar pra trás. Só levo de lá a experiência necessária para seguir em frente.

Na vida, seguimos colecionando novo material. O passar dos anos deixa os registros mais nítidos, mais fortes, admiramos novos contrastes, interessantes e reconhecemos uma má composição com muito mais rapidez. O aperfeiçoamento nos faz acreditar que a foto perfeita parece estar cada vez mais próxima. Se tal coisa fosse possível. No fundo, todos nós, românticos e realistas sabemos que o amor acaba, a paixão passa e o fim é solitário. Se você não está sozinho (mesmo que alguém esteja o velando) é porquê ainda não é o fim. Não levamos nada, nem ninguém daqui.

Nas caixas sim as coisas fluem como supomos que devem fluir. Não precisamos nos render a insensíveis verdades ou doloridas conclusões. Nas caixas, o fim é hollywoodiano. Velhinhos de mãos dadas. Amor eterno. Paixão contínua. São assim, como verdadeiramente são.

segunda-feira, abril 24, 2006

Um pra você, um pra mim!

Ao lado da namorada, os dois lados do feriado.

Assisti 4 jogos de futebol, um treino e uma corrida de F1. Com a participação especial dos restos do Open Couch: ovinhos de amendoim e cerveja.


Por outro lado também fui ao centro pra comprar material pra fazer sabonete artesanal e compartilhei uma pizza com a sogra no fim do Domingo.

Justo.

quinta-feira, abril 20, 2006

Open Couch

Na confraternização de inauguração do meu sofá foi fácil ser Moderno. Pedi pizza, servi ovinhos de amendoim e Itaipavas.

Nada de cozinhar enquanto não tenho um fogão.

Difícil foi ser Macho na hora de lavar toda a louça.

quarta-feira, abril 12, 2006

Slices of Life

Nessa Páscoa, para não engordar 10 kilos num feriado, combinei com minha namorada que não trocassemos ovos.

No entanto ganhei um crocante de uma amiga, um de sonho de valsa da empresa e um ao leite do meu pai.

Ótimo, só engordarei 8 kilos e meio.

terça-feira, abril 11, 2006

Slices of Life

Um problema de matemática

Comprei três prateleiras para instalar eu mesmo em casa.

Cada prateleira é presa por três pinos.

Executado o trabalho o que temos?

Três prateleiras instaladas?

Não, uma prateleira instalada e seis pinos que talvez sirvam de porta bonés.

domingo, abril 09, 2006

Slices of Life

Nada como uma calma tarde de Domingo trabalhando em seu Home Office tomando uma café expresso que fez em sua própria máquina.

Só faltam o Home Office e a máquina de expresso.

quinta-feira, abril 06, 2006

Slices of Life

Fui encontrar uns amigos saído direto do trabalho.Trajava Tênis estilo Vans vintage preto, jeans premium, camiseta dos rolling stones tradicional preta e blazer preto risca de giz.

Metade dos meus amigos me elogiou.
A outra me comparou ao Didi Mocó.

OBS: Metade dos meus amigos se vestem bem, a outra compra roupa em papelaria.

quarta-feira, abril 05, 2006

Slices of Life

Numa tarde dessas, conversando com um amigo pelo msn:

- Cara, comprei meu sofá!
- Tesão cara, parabéns! Como é?
- É um dois lugares mais chaise longue em Chenile.
- Chenile é bacana.
- E sua casa? Já tá completa?
- Agora só falta chegar a mesa da sala. Daí poderei fazer umas compras de macho, tipo roupa.
- Nada como sentir a testosterona pulsando nas veias.

terça-feira, abril 04, 2006

O que os homens querem?

A poluição visual é tema recorrente no mundo inteiro e São Paulo não foge a regra. Os outdoors, backlights e cartazes que empapelam a cidade são um problema. Até que ponto nossos olhos são obrigados a ver o que os publicitários querem mostrar? Se o pior cego é aquele que não quer ver, por muitas vezes eu não vejo um palmo a frente de meu nariz Mais do que as propagandas eleitorais estampando a face dos dinossauros da política, mais do que os multi coloridos anúncios das Casas Bahia que oferecem as menores parcelas (ainda que em maior quantidade), a comunicação externa que tem que ser combatida com mais urgência, que mais fere a integridade visual das pessoas e que ofende mais do que qualquer uma é a propaganda de cueca.

A mais nociva imagem aos olhos do Macho Moderno, sem dúvida alguma é a propaganda de cueca. Quem nunca teve a experiência traumática de num promissor dia de sol e bom humor, no trânsito a caminho do trabalho se deparar com a imagem do Daniel, cantor sertanejo, vestindo apenas uma “cuequinha” na imensa janela traseira de um ônibus. Não é questão de homofobia ou insegurança com a sexualidade, mas sim uma questão de respeito ao consumidor. O cantor sertanejo, que até admiro no âmbito musical, não pode ser considerado argumento de venda em hipótese alguma nesse tipo de produto masculino. Ainda que seja de extrema importância conhecer o corte e caimento da peça em questão, a personificação de tal em uma celebridade só nos afasta da idéia de adquirir tal produto. A imagem residual do anúncio afasta qualquer possibilidade de conseguir se olhar no espelho trajando a tal cueca.

Os publicitários podem argumentar que muitas vezes, quem decide o que vai estar dentro das calças dos homens são as mulheres. Assim com esse tipo de anúncio são elas a quem eles atingem. O poder de decisão de compra é fator de primeira importância nas estratégias de marketing dos fabricantes, afinal o interessante é seduzir o cliente que decide e não necessariamente o que usa. Porém, será que tal comportamento não acaba sendo forçado pelas próprias agências de propaganda? Acostumadas com os valores sociológicos de outrora, acabam não dando opção ao homem que deseja trocar aquelas antigas cuecas do estilo “minha-mãe-comprou-pra-mim” por modelos que realmente o agradem. Só falta ele achar.

Outro dia, antes de uma viagem internacional entrei num site de uma das melhores fabricantes de underwear do mundo, com o objetivo de pré-selecionar minhas compras. Aproveitando o passeio pela América queria comprar cuecas de qualidade e renovar a cansada primeira gaveta de meu armário. Acessei o site, na minha sala de trabalho, aproveitando que havia voltado mais cedo do almoço. Ao clicar no link de produtos encontrei uma porção de homens seminus fazendo caras e bocas, cheios de charme pra cima de mim. Eu gosto de cuecas, não de homens. A visão desagradável acabou com meu dia, um pouco por ter desanimado quanto as peças pretendidas, porém muito mais pelo fato de ter percebido minha chefa atrás da minha mesa durante toda a navegação.

Pensando em situações desagradáveis como esta, apelo aos senhores publicitários, vendam o produto para nós, tentem nos mostrar o queremos ver, agradem nossas vistas, não pode ser tão difícil assim, vocês já fazem tantas coisas bonitas, veja os anúncios de lingerie, maravilhosos.

* Texto publicado na Revista Absoluta de Março de 2006

terça-feira, março 28, 2006

Questão de caimento

Não existe mulher feia, nem você que bebeu pouco. Mulheres são diferentes. Só isso. A velha história de que toda panela tem sua tampa faz sentido. Assim o mundo se mantem em equilíbrio. Essa história de feio e bonito só funciona pra classificar foto de revista. No mundo real mais do que o visual da “roupa” o que importa é o caimento.

Muitos procuram pela personificação da própria Vênus de Milo, acham que só podem ter como companheira aquela que todos admiram. Quando conseguem vangloriam-se com os amigos de que pegou "aquela" gostosona. Porém no fundo, muitas vezes você está comprando um terno fabuloso da Ermenegildo Zegna e sapatos Gucci de bico fino, que apesar de te deixar com o visual maravilhoso, deixa seus pés implorando por espaço e não te permite nem coçar as costas. Muitas vezes uma camiseta branca larga e um jeans gasto cairiam melhor.

Todo homem sabe do que estou falando. Tem mulheres que passam na nossa vida, que não se explicam. Você não entende porque se atrai e na verdade nem se preocupa com isso. Como que, por encantamento cai nas suas graças e te leva pras nuvens. Seus amigos não entendem, seus pais olham estranho e sua vó diz que ela tem cara de travesti. Mas você não se importa. Já checou para saber se ela é ou não um travesti.

Os gostos são variados. Muitas vezes até criamos um padrão. Uns gostam de baixas, outros de morenas ou mesmo nipo-germânicas. Eu, por exemplo, sempre fui fã de gordinhas, morenas e patricinhas. Mas sou bem maleável. O cabelo pode ser castanho claro, a roupa pode ser um pouco desleixada de vez em quando. Mas tem que ser gordinha. Nem que seja de cabeça, daquelas que adoram comer. Nunca conseguiria namorar uma vegetariana. É contra meus princípios.

Pense nisso, tenho certeza que se livrando da obrigação de gostar do que todos as coisas vão ficar mais fáceis e satisfatórias. Encontrar a roupa perfeita não é fácil, geralmente tem que ser sob medida, eu achei a minha, não sobra nas mangas, o colarinho não aperta, parece sempre nova e não tem nada mais confortável.

sexta-feira, março 17, 2006

Me bate, me xinga.

Dizem que a mulher ideal é aquela que tem a conduta de uma santa. Em sociedade, não olhe para outros homens, use roupas decentes, fale em voz amena, nunca se exceda. Em sociedade. Entre as quatro paredes de um quarto ou duas paredes, uma porta e um vidro de um elevador panorâmico ela deve ser uma cortesã (em português, puta). Essa mulher não tem preconceitos, topa as aventuras mais loucas e criativas, é aberta a novas experiências. É aberta.

Ok, digamos que você ache uma mulher ideal. Uma mulher que deixe você colocar aquilo naquilo enquanto faz aquilo outro. Uma mulher que grite, me bate, me xinga, me chama de bandida. Você agüenta o tranco? Na hora em que se deparar com uma louca dessas é que se analisa bem o que pediu. Vai descobrir se estava pronto pra isso. Afinal não basta haver esse “desapego” apenas por parte dela, você precisa acompanhar o movimento, entrar no ritmo. Você pede pra ela colocar uma lingerie diferente, daquelas que ninguém sabe onde é a frente e a traseira. Ela põe. Você pede para ela falar obscenidades das brabas. Ela fala. E de repente ela pede pra você. “Me bate com força seu canalha”. Você broxa. Ser pego desprevenido pode causar esse tipo de reação.

Uma experiência conjunta é menos traumática. Transformar sua mulher neste sonho de consumo é uma ótima opção. Os tabus são abandonados juntos. A fase de adaptação é como viver a adolescência de novo. Quando você é adolescente cada beijo é uma descoberta. Primeiro o beijo na bochecha, depois o “mostra a sua que eu mostro o meu”, seguido do selinho, da língua, mão na cintura, mão perto da bunda, mão em uma nádega inteira, apertão em uma nádega inteira e por aí vai. Isso faz-nos acreditar que nossos namoricos eram mais excitantes do que muita transa ordinária. A adaptação ao sexo sem tabus é uma nova adolescência. Você terá vontade de chegar contando para os amigos como nos velhos tempos: “Caras, vocês não sabem, hoje eu dei uma com a minha mina. E uma amiga dela junto”. Não faça isso. Não conte pros seus amigos, já sobre a história da amiga dela, meus parabéns.

Com o tempo as coisas se tornam mais comuns, o processo pode parecer estranho, errado até, mas assim como você superou a perda de sua virgindade, isso também será resolvido. O processo pode até ser difícil, mas não há dúvida que vale a pena.

Dito isso desejo para todos nós uma mulher ideal, que nos ensine e aprenda conosco, que grite baixarias, que transpire desejo, divida a cama com outra, mas que nunca, nunca mesmo, em hipótese alguma, meta o dedo onde não for chamada.

quinta-feira, março 09, 2006

Tudo pelas cavernetes

O Homem das cavernas era atlético. Sujo e peludo, porém atlético. Afinal, todo dia ele corria pelas árvores, escalava pedras e capturava com suas próprias mãos o alimento da família. A mulher o esperava com a caverna prontinha, mesmo porque não tinha muito que se fazer nela além de desenhos nas paredes. O fato é que ele era atlético e as “cavernetes”, se é que posso chamar as mulheres das cavernas assim, adoravam.

Hoje não precisamos mais buscar nosso próprio alimento, o delivery faz isso por nós, todavia, para agradar as “cavernetes” modernas o corpo atlético continua sendo requisitado. A solução foi malhar. Na academia, no futebol, no boxe. Os esportes amadores nos proporcionam justamente o que nós, machos modernos, precisamos. Preparo físico. Analisemos as opções então. No futebol nunca me dei bem, o boxe minha mãe acha violento (desagradar mãe é o oitavo pecado capital). São Paulo tem academias fantásticas, porém ainda não me acostumei a idéia de me exercitar olhando fixamente para uma parede. A solução ideal foi o parque.

Moro próximo do Parque do Ibirapuera que é um dos locais mais importantes da cidade de São Paulo. É uma cidade pequena do interior no meio da selva de pedra. Seguro, tranqüilo, cheio de árvores e estrumes de cavalo esporádicos. Nada traumático. Ainda que esteja habituado ao ritmo da metrópole aprecio muito esse oásis que nos é oferecido.

Fui para o parque preparado, tênis especial para corrida com super amortecimento, shorts confeccionados com tecido tecnológico que o faz mais leve, camiseta que mantém a temperatura do corpo agradável e iPod no braço, com direito a mais de quatro dias de música ininterrupta, ainda que não pretendesse ficar mais do que duas horas por lá.

Logo que coloquei o pé na pista me pus a correr, como meus ancestrais, atrás da minha presa. Logo as árvores já pareciam deformadas e o lago aparentava esvaziar tamanha a velocidade com que os ultrapassava. Era como se fôssemos um só, eu e o parque. A energia, o solo me empurrando para frente, o ar. Bastaram dois minutos para minha presa fugir. Meu fôlego na verdade. As árvores já voltaram ao normal e o lago não esvaziava mais, ainda que aparentasse desaguar de rir da minha situação patética. O solo já não me ajudava tanto, na verdade parecia segurar meus passos, o ar sumiu de vez. O resto do tempo andei. Fiquei de mal do parque. Não me rendi. Compensei nas flexões, fiz duas, junto dos oito abdominais me credenciei muito mal para ir atrás de minha própria comida. Quem sabe alcançaria um Scargot.

Mas tudo tem um começo não é? Aposto que o homem das cavernas não saiu da caverna pela primeira vez e já trouxe um mamute de almoço. Observando minha experiência acredito que nós, machos modernos, não devemos nos cobrar tanto, com o tempo melhoraremos nosso desempenho, físico e quem sabe até o relacionamento com o parque. Enquanto não agarramos nossa presa podemos levar as cavernetes pra jantar. Mas de preto para disfarçar a barriga.

* Texto publicado na revista Absoluta Gente de Janeiro de 2006

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Qual o status?

Nascemos pelados, carecas e sem dentes, mas ao contrário do que dizem nem tudo o que vem é lucro. Se fosse não viveríamos em busca dos nossos ideais. O trabalho, a casa, o carro e principalmente a parceira. Ainda que por muito tempo possamos curtir nossa solteirice, em certo momento vamos querer nos acomodar. A busca é intensa para achar a companheira ideal, você corteja, manda flores, liga no dia seguinte. Tudo para um dia oficializar o fim (ainda que possivelmente momentâneo) da procura. Essa oficialização é uma passagem muito complicada de nossas vidas. Denominar, renomear, chamar. Afinal essa mulher que está com você é o que sua? E você o que é dela? Qual seu estado civil? Enfim, qual o seu status no orkut?

Infelizmente, o pedido de namoro tradicional se tornou brega para muitos, talvez por causa do programa “Quer namorar comigo?” do Silvio Santos com seus cenários vermelhos e binóculos, talvez pela constante sensação de todos de que deve-se saber tudo que se passa na cabeça do outro sem perguntar. A alteração do papel da mulher nos relacionamentos nos trouxe benefícios, é verdade. O fim da “obrigação” de dar o primeiro passo no jogo da sedução, por exemplo. A fantasia de ser intimado em uma noite qualquer por aquela pequena que está te olhando desde o momento que você chegou é bem mais plausível hoje em dia. Entretanto na hora de definir “em que pé se está” a situação é delicada, uma má interpretação pode acabar fazendo com que o recém nascido caso-namoro-rolo comece com o pé esquerdo. Ao passo que antigamente sabíamos que obrigatoriamente, nós homens oficializávamos ou enrolávamos.

Independente de sua vontade é melhor saber no que está metido. A formalidade ou casualidade pode igualmente ser muito bem curtidas desde que sejam claras para os dois lados. Assim evita-se circunstâncias em que você seja um canalha ou mesmo corno.

A solução óbvia é a comunicação, deixe o orgulho de lado e caso o período de esquiva e estudo do “adversário” se prolongue coloque os fatos em pratos limpos. Ou lençóis de preferência. Pergunte, não ofende mesmo, não será tão difícil fazê-la compreender que você não lê mentes. Caso você saiba ler mentes está perdendo tempo lendo esse texto.

As maneiras de fazer isso são infindáveis, variam de risco e efeito. Se você é um cara conservador, vá com calma, introduza o assunto lentamente, dê dicas sobre o que está pensando, cite exemplos. Caso jogue na mesa dos “high rollers” vá com fé, invista nos clássicos, escolha um jantar, o meio de um romance clássico ou uma tarde de domingo daquelas bem laranjas, com sol baixo beijando o horizonte. Pegue a mão dela, concentre-se, esqueça que o prejuízo pode machucar, pense que se apostar certo a bolada será grande. Escolha o momento, jogue as fichas e pergunte: Quer namorar comigo?

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Pelas barbas do profeta.

É de família, não tem jeito. Meu pai acaba de completar 50 anos e tem menos barba do que muito púbere por aí. Imagina ele com 26. Pois é, eu sou igualzinho, tirando as calças boca de sino. É triste. Vivo inventando moda com o visual. Meu cabelo já foi curto, comprido e raspado. Moreno, ruivo e azulado (tem coisas que você tem que provar uma vez na vida). Mas na barba pude inventar muito pouca coisa. Mas inventei é claro. Tentei deixar barba só no queixo. Não agradou. Tentei deixar o cavanhaque. Fiquei com barba só no queixo. Tentei deixar o bigode. Fiquei muito bem barbeado. Minha melhor tentativa foi aquele look-cool, que só não é mais cool do que o próprio nome.

Look-cool é aquele conhecido estilo “barba por fazer”. O nome engana, assim como o “cabelo bagunçado” que exige mais trabalho do que muito penteado, o “barba por fazer” deve ser pensado. Planejado na verdade. Afinal ele só funciona de dois a três dias depois que você o coloca em execução. Para ter uma “barba por fazer” é preciso fazer muito bem a barba. Não dá pra passar aquela lâmina velha que sempre que você usa diz que precisa comprar refil. Uma lâmina nova, um creme indicado para seu tipo de pele e um pós barba eficiente fazem um bom papel. Se quer fechar com chave de ouro use um esfoliante ou gel de limpeza, pode ser na hora do banho mesmo para não tomar muito tempo, é indolor, fácil e colabora muito com o look-cool. Depois disso caso se sinta frágil, é normal. Até se acostumar com essas coisas é estranho. No entanto, há remédio para tal problema, dê uma boa coçada horizontal no saco e 20 passos de cueca pela casa, se os sintomas permanecerem procure o strip-club mais próximo.

Dos barbudos, chamo a atenção. A bochecha é o limite. Na verdade o meio da bochecha mas a frase perderia o efeito. Nunca deixe a barba crescer acima do meio da bochecha. A não ser que queira se fantasiar de Chewbacca. Se for esse o caso vai ficar ótimo. Mas em ocasiões menos especiais onde personagens do “Guerra nas Estrelas” não andam entre nós, deixe sua barba numa altura razoável. Outra altura que deve ser observada é a que se mede da pele para a ponta do pelo. Seja lá qual for sua opção, ela demanda cuidado. Não é porque decidiu ser barbado que não precisa mais se preocupar em se barbear, continue aparando a cabeluda, do contrário andará por aí com um belo arbusto na cara. Arbustos não são atraentes, não para se beijar ao menos.

O negócio é inovar, ter a mesma cara é entediante, para as pessoas que te vêem e até mesmo para você. Nada mais chato que acordar cedo ir escovar os dentes e logo dar de cara com você, o mesmo “você” dos últimos cinco anos. Ver o mesmo reflexo no espelho todo dia só é agradável para pessoas como a Gisele Bundchen, ou para o Kelly Slater que no canto do espelho ainda consegue enxergar a Gisele na cama.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Festas de peso.

Não, não falo sobre festas dionisíacas, regadas a Dom Perignon, freqüentadas por figurões da alta sociedade. Também não tenho como assunto celebrações cósmicas no planeta Júpiter onde a gravidade faz tudo pesar duas vezes mais do que na Terra. Falo sobre as festas de fim de ano. Confraternização da empresa, amigo secreto entre os amigos, bota-fora do camarada que vai estagiar na Colômbia, jantar de véspera de Natal na casa da Mãe que adora cozinhar para vinte, mesmo que sempre venham quatro, entre outras.

O clima é de festa ainda que tenhamos que chorar. IPVA, IPTU, feriado trabalhando, metas de trabalho pra 2006. Portanto festejar é mais do que nosso direito, é nosso dever. Vamos as festas mal intencionados, nem almoçamos para garantir que o trabalho será bem feito. Quando chegamos no campo de batalha somos animais, atacamos tudo que pareça mastigável, em cima da mesa, dentro da geladeira e na mesinha de centro. Fora os guardanapos, engolidos por acidente, todos os alimentos ingeridos nos trazem muita satisfação, paz e pança.

Nós, machos modernos, suamos a camisa o tempo todo, com o objetivo de manter a circunferência da cintura num limite aceitável, e antes que você se pergunte, não, 1 metro de cintura não é aceitável. O fato é que nos privamos de inúmeros chopps em noites de verão, x-saladas em agitadas madrugadas e sundaes entupidos de cada. Ou não. Mas tentamos. Afinal, sabemos que temos duas escolhas: fechar a boca e mexer o traseiro ou relaxar de vez, rumar ao paraíso dos doces, salgados e biritas. Já estive lá, sei como que é. Se come tudo o que quer, as sobremesas mais exageradas, os hambúrgueres mais recheados e as cervejas mais geladas. Em compensação não enxergava meus próprios pés.

Após anos de experiência comendo tudo, virei bandeira. Sou do time daqueles que uma hora ou outra, em alguma pizzaria ou lanchonete da cidade pode sacar uma barra de cereal do bolso em vez de pedir o menu. Tal comportamento traz inegáveis benefícios a saúde, proporciona certa economia a suas finanças e colabora na manutenção do peso. Seria ótimo se não fosse tão ruim. A lamentação de nada ajuda então qual a solução?

O que todo mundo sabe, mas ninguém faz. Vivo escutando que as pessoas não conseguem emagrecer. Fazem dieta, mas, nada de perder peso. Mentira. É simples, coma em ordem decrescente ao correr do dia. Quanto mais tarde menos se pode comer. Mais carboidratos no começo do dia e mais proteínas no final. Muita salada e frutas. Todo mundo sabe, porém se recusam a acreditar que a verdade possa ser tão cruel. Mas é, e o que podemos fazer?

Encarar. É o que nos resta afinal, lamentar não diminui nosso problema, muito menos, cinco kilos extras. Enfrentemos por alguns dias esse sacrifício. Os benefícios são válidos, fechar o último botão daquela calça preferida, sair do carro pela porta do motorista mesmo em garagem apertada, e o mais importante, saber quando sua meia está furada e nem precisar encolher a barriga pra isso.