segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Etiqueta (Básica) de Boteco

Foto do Fore

1 - A Convocação

Brother que é brother, não convida. Convoca. Isso quando é necessário. Pois muitos brothers tem dias sagrados, já pré-determinados. Seja uma reunião as quintas, um happy hour às sextas ou o jogo de quarta.

Caso não seja esse o caso, brothers devem convocar os outros pelo meio de comunicação a mão. Vale Twitter, Facebook, SMS, Email, Telefone ou gritando na frente do prédio.

O convite não deve conter mais do que duas palavras. As palavras recomendadas são o nome do bar, da bebida ou um pronome de tratamento ofensivo. Alguma menção a horário vale também. Exemplos: “Boteco, já”, “Vagabundo, cerveja”, “Puto, 18:00”.

2 - A Chegada

O primeiro a chegar ao bar escolhe a mesa, se essa não for pré-determinada. Abre os trabalhos com a bebida de preferência, e não pede petiscos até a chegada de um segundo integrante.

O segundo a chegar deve ser recebido pelo primeiro com duas cortesias principais. Primeira: Pedir uma bebida/copo para o recém chegado. Segunda: Atualiza-lo das mesas interessantes ao redor. Avisar quem está lá de conhecido, qual mulher é gata, qual deu uma olhada e se tem namorada, ex-namorada ou amiga de namorada de alguém no recinto.

O mesmo processo deve ser repetido para todos os integrantes da mesa que chegarem. Com a adição de algum pronome ofensivo e uma reclamação e/ou gozação. Exemplos: “Tava dando a bunda é viado? Que demora do cacete”. Essa ação é progressiva até o último que chegar. Não importa as razões deste ter chegado depois.

3 - O Convívio

A mesa pode ter três climas distintos. Celebração, Afogamento ou Neutro. De cara eliminamos o Neutro, que após as duas primeiras rodadas se torna Celebração.

Celebração exige atenção especial ao celebrado. Se este trocou de emprego, comprou um carro, comeu boi no rolete ou se livrou da ex-mulher, todos devem brindar a conquista. Se alguém tiver um problema com isso que engula. É o dia do brother, amanhã reclama.

Afogamento. Certas mesas de bar são formadas para o popular afogamento de mágoas. Se um brother foi despedido, capotou o carro, comeu comida podre da sogra ou levou um pé da ex-mulher, todos devem brindar com bebida pesada. Whisky, vodka, tequila e cachaça são aceitos. Ninguém deve falar como sua própria vida está maravilhosa. O objetivo principal é beber o quanto for necessário para que o afogamento se torne celebração.

4 - A Conta

Quem sai antes deve ser tratado com pronome ofensivo e reclamação/gozação. (Ver terceiro parágrafo do item 1 para exemplos.) Este deve deixar sua parte da conta mais 20% de margem.

Caso esteja sem grana/cartão pede ao brother mais próximo para “fazer a sua”. Se comprometendo a compensar na próxima. A despedida com cumprimento pessoal é opcional caso o grau de bebedeira esteja alto.

Os brothers restantes falam para este ir devagar e em casos extremos se dispõe a leva-lo pra casa.

Os últimos a ir embora pagam a conta, e mesmo percebendo que faltou dinheiro xingam todos os outros, pagam, e preparam sua vingança para a próxima vez.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Desmascarando o Macho Moderno – O Prelúdio


Queiro deixar claro, que nada que revelarei aqui, não é sabido por mulheres que tenham um Universo razoável de parceiros sexuais em suas vidas. Apenas estou dando a chancela de um de nós.

Homens não falam sobre suas experiências sexuais. E antes mesmo que vocês meninas comecem a espernear discordando vou lhes explicar por que.

Homens não dividem intimidade como mulheres. Quando falamos sobre aventuras sexuais estamos infantilmente nos vangloriando, contando vantagem, falando como somos “foda”. Não é surpresa que a maioria dessas histórias sejam grandes mentiras.

Fora casos extraordinários do tipo “ela trepa de ponta cabeça”, não dividimos nada. Podemos ser os melhores amigos de infância e ainda assim não temos idéia do que o outro gosta ou desgosta. O que já experimentou, quando falhou. No nosso mundo de fantasia, todos tem pênis acima da media, nunca broxamos, ou se broxamos foi numa vez que estávamos muuuuito bêbados ou a mulher era horrível.

Mas essa fantasia não existe. Vocês, mulheres, sabem melhor do que eu que sim, homens vira e mexe broxam. Mesmo sem serem recordistas do sexo, vez ou outra se depararam com essa situação. E não, a culpa não é de vocês. É culpa de nossas inseguranças. Seja pela pressão de fazer bem na primeira vez, seja por que cansamos ou simplesmente porque não temos o menor controle sobre nosso amigo lá de baixo. Já está bem claro que quem manda é ele.

Vocês sabem bem que nós gostamos de coisas fora do comum. Que fazemos barulhos estranhos quando estamos chegando lá. Que temos o maior tesão quando vocês fazem uma coisa que nem imaginariam que gostaríamos.

Quando dividimos intimidade de verdade, quando nos entregamos, mostramos uma face até o momento desconhecida, que por mais estranha, engraçada ou bizarra que seja, deve ser encarada como algo especial. Não como uma aberração.

Nós já conhecemos vocês nesse sentido. Sem a necessidade de aprovação que nós temos, vocês aprenderam a dividir seus desejos mais secretos. Não com o mundo, mas umas com as outras, e essas outras com outras, e essas outras conosco. Então nos acostumamos com a idéia de que vocês podem gostar de tomar tapa na cara, na bunda, usar fantasia de puta, fazer com o carro andando no meio da marginal. Não, não estou afirmando aqui que a totalidade das mulheres gosta de tudo isso. Muitas ainda não se permitiram. Vezes por criação, vezes por culpa do próprio parceiro.

O ponto é que nós sabemos da existência de tudo isso. Já do nosso lado, vocês só sabem que nós somos loucos pra fazer um ménage a trois com duas bissexuais. Obviamente, porque é muito bonito admitir essa fantasia. Superhomens que querem dar conta de duas mulheres quando se atrapalham com uma só.

Mas na real, não é só isso. Todos nós temos fantasias secretas. Ou ao menos gostamos de coisas diferentes. E nem todas são tão bonitas e viris. Os homens que admitem isso são minoria. Pois precisa ser muito macho para admitir ao mundo. Tem que começar no quarto, como se não quisesse nada, tratando como a coisa mais natural do mundo. O que na fim das contas é mesmo.

Não estou falando pra vocês, meninas, saírem tentando fazer um fio terra em seus parceiros. Muita calma. Mas saibam, que assim como vocês, nós também desejamos mais do que movimentos mecânicos. Desejamos entrega, submissão, dominação, cumplicidade. Elementos que fazem do sexo realmente uma experiência sobrenatural.

Isso é só o começo...

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Cara, cadê minha tribo?


Quando tinha 14 anos eu era “roqueiro”. Ia na galeria do rock, usava camisa xadrez e camiseta de banda. Heavy Metal. Ouié!

Quando tinha 16 eu era “boy”. Ia no Resumo da ópera, usava 501 roxa e camiseta da Big Johnson. Putsi, putsi.

Quando tinha 18, “cowboy”. Hollywood Project, Barretos, Stetson e fivelas do tamanho de espelhos. Eeeee, tchê, tchê.

Adolescentes são assim mesmo. Volúveis. Sem crise. O problema é que nunca deixei de gostar de Metallica, baladinhas ou botas de bico fino. Fui agregando paixões, fiz a triagem do que era realmente do meu gosto e largando as porcarias.

No terceiro colegial conheci uma galera “culta”. Eles me apresentaram MPB e Jazz, me ajudaram a perceber que os filmes metidos a besta devem ser assistidos com outros olhos e que artes plásticas e literatura tem de ser tratados como whisky. Não é da primeira vez que você vai gostar.

Depois de conhecer a maioria das coisas que eu gostava, chegou a hora de provar um pouco do que nunca tive vontade. Pagode, axé, micareta, escola de samba, balada GLS, Ballet, Opera entre outros.

Bem, a maioria dessas coisas continuei não gostando, mas reconheci o valor de cada uma delas, me preocupei em entender o que seus amantes buscam em cada uma. E assim, aprendi a suportar e tolerar todas.

A pessoa que me tornei não é das mais comuns. Pouca gente entende como posso ser assim. E você sempre tem medo do que não entende. Não culpo ninguém, me colocando em seus lugares também ficaria espantado como alguém pode ficar tão empolgado com um filme do Kubrick quanto com um CD do Jorge e Mateus.

Não me encaixo, não sou nada, mas participo de tudo, e isso não me faz melhor ou pior que ninguém. Mas sem dúvida alguma me faz mais feliz. Acredito que capacidade de adaptação a diversos ambientes é uma das maiores qualidades como adulto. E não sinto vergonha alguma de assumir que já tive preconceito radical em relação ao que é “inferior” ou popular. Mas também não sinto vergonha de dizer que me divirto (muito) com a maioria dessas coisas inferiores.

Bom gosto, mal gosto, é tudo questão de referencial. Os intelectuais dizem que os populares tem mal gosto. Os populares dizem que os intelectuais gostam de coisas estranhas. Mas no final das contas somos todos gente que gosta. Eu por exemplo ainda não gosto de (quase nenhuma) Novela, Big Brother, Forró, Raves de 3 dias ou revista Contigo. Mas você que gosta está convidado a me ajudar a gostar. Eu adoraria.