quinta-feira, janeiro 19, 2006

Pelas barbas do profeta.

É de família, não tem jeito. Meu pai acaba de completar 50 anos e tem menos barba do que muito púbere por aí. Imagina ele com 26. Pois é, eu sou igualzinho, tirando as calças boca de sino. É triste. Vivo inventando moda com o visual. Meu cabelo já foi curto, comprido e raspado. Moreno, ruivo e azulado (tem coisas que você tem que provar uma vez na vida). Mas na barba pude inventar muito pouca coisa. Mas inventei é claro. Tentei deixar barba só no queixo. Não agradou. Tentei deixar o cavanhaque. Fiquei com barba só no queixo. Tentei deixar o bigode. Fiquei muito bem barbeado. Minha melhor tentativa foi aquele look-cool, que só não é mais cool do que o próprio nome.

Look-cool é aquele conhecido estilo “barba por fazer”. O nome engana, assim como o “cabelo bagunçado” que exige mais trabalho do que muito penteado, o “barba por fazer” deve ser pensado. Planejado na verdade. Afinal ele só funciona de dois a três dias depois que você o coloca em execução. Para ter uma “barba por fazer” é preciso fazer muito bem a barba. Não dá pra passar aquela lâmina velha que sempre que você usa diz que precisa comprar refil. Uma lâmina nova, um creme indicado para seu tipo de pele e um pós barba eficiente fazem um bom papel. Se quer fechar com chave de ouro use um esfoliante ou gel de limpeza, pode ser na hora do banho mesmo para não tomar muito tempo, é indolor, fácil e colabora muito com o look-cool. Depois disso caso se sinta frágil, é normal. Até se acostumar com essas coisas é estranho. No entanto, há remédio para tal problema, dê uma boa coçada horizontal no saco e 20 passos de cueca pela casa, se os sintomas permanecerem procure o strip-club mais próximo.

Dos barbudos, chamo a atenção. A bochecha é o limite. Na verdade o meio da bochecha mas a frase perderia o efeito. Nunca deixe a barba crescer acima do meio da bochecha. A não ser que queira se fantasiar de Chewbacca. Se for esse o caso vai ficar ótimo. Mas em ocasiões menos especiais onde personagens do “Guerra nas Estrelas” não andam entre nós, deixe sua barba numa altura razoável. Outra altura que deve ser observada é a que se mede da pele para a ponta do pelo. Seja lá qual for sua opção, ela demanda cuidado. Não é porque decidiu ser barbado que não precisa mais se preocupar em se barbear, continue aparando a cabeluda, do contrário andará por aí com um belo arbusto na cara. Arbustos não são atraentes, não para se beijar ao menos.

O negócio é inovar, ter a mesma cara é entediante, para as pessoas que te vêem e até mesmo para você. Nada mais chato que acordar cedo ir escovar os dentes e logo dar de cara com você, o mesmo “você” dos últimos cinco anos. Ver o mesmo reflexo no espelho todo dia só é agradável para pessoas como a Gisele Bundchen, ou para o Kelly Slater que no canto do espelho ainda consegue enxergar a Gisele na cama.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Festas de peso.

Não, não falo sobre festas dionisíacas, regadas a Dom Perignon, freqüentadas por figurões da alta sociedade. Também não tenho como assunto celebrações cósmicas no planeta Júpiter onde a gravidade faz tudo pesar duas vezes mais do que na Terra. Falo sobre as festas de fim de ano. Confraternização da empresa, amigo secreto entre os amigos, bota-fora do camarada que vai estagiar na Colômbia, jantar de véspera de Natal na casa da Mãe que adora cozinhar para vinte, mesmo que sempre venham quatro, entre outras.

O clima é de festa ainda que tenhamos que chorar. IPVA, IPTU, feriado trabalhando, metas de trabalho pra 2006. Portanto festejar é mais do que nosso direito, é nosso dever. Vamos as festas mal intencionados, nem almoçamos para garantir que o trabalho será bem feito. Quando chegamos no campo de batalha somos animais, atacamos tudo que pareça mastigável, em cima da mesa, dentro da geladeira e na mesinha de centro. Fora os guardanapos, engolidos por acidente, todos os alimentos ingeridos nos trazem muita satisfação, paz e pança.

Nós, machos modernos, suamos a camisa o tempo todo, com o objetivo de manter a circunferência da cintura num limite aceitável, e antes que você se pergunte, não, 1 metro de cintura não é aceitável. O fato é que nos privamos de inúmeros chopps em noites de verão, x-saladas em agitadas madrugadas e sundaes entupidos de cada. Ou não. Mas tentamos. Afinal, sabemos que temos duas escolhas: fechar a boca e mexer o traseiro ou relaxar de vez, rumar ao paraíso dos doces, salgados e biritas. Já estive lá, sei como que é. Se come tudo o que quer, as sobremesas mais exageradas, os hambúrgueres mais recheados e as cervejas mais geladas. Em compensação não enxergava meus próprios pés.

Após anos de experiência comendo tudo, virei bandeira. Sou do time daqueles que uma hora ou outra, em alguma pizzaria ou lanchonete da cidade pode sacar uma barra de cereal do bolso em vez de pedir o menu. Tal comportamento traz inegáveis benefícios a saúde, proporciona certa economia a suas finanças e colabora na manutenção do peso. Seria ótimo se não fosse tão ruim. A lamentação de nada ajuda então qual a solução?

O que todo mundo sabe, mas ninguém faz. Vivo escutando que as pessoas não conseguem emagrecer. Fazem dieta, mas, nada de perder peso. Mentira. É simples, coma em ordem decrescente ao correr do dia. Quanto mais tarde menos se pode comer. Mais carboidratos no começo do dia e mais proteínas no final. Muita salada e frutas. Todo mundo sabe, porém se recusam a acreditar que a verdade possa ser tão cruel. Mas é, e o que podemos fazer?

Encarar. É o que nos resta afinal, lamentar não diminui nosso problema, muito menos, cinco kilos extras. Enfrentemos por alguns dias esse sacrifício. Os benefícios são válidos, fechar o último botão daquela calça preferida, sair do carro pela porta do motorista mesmo em garagem apertada, e o mais importante, saber quando sua meia está furada e nem precisar encolher a barriga pra isso.