terça-feira, fevereiro 02, 2010

Cara, cadê minha tribo?


Quando tinha 14 anos eu era “roqueiro”. Ia na galeria do rock, usava camisa xadrez e camiseta de banda. Heavy Metal. Ouié!

Quando tinha 16 eu era “boy”. Ia no Resumo da ópera, usava 501 roxa e camiseta da Big Johnson. Putsi, putsi.

Quando tinha 18, “cowboy”. Hollywood Project, Barretos, Stetson e fivelas do tamanho de espelhos. Eeeee, tchê, tchê.

Adolescentes são assim mesmo. Volúveis. Sem crise. O problema é que nunca deixei de gostar de Metallica, baladinhas ou botas de bico fino. Fui agregando paixões, fiz a triagem do que era realmente do meu gosto e largando as porcarias.

No terceiro colegial conheci uma galera “culta”. Eles me apresentaram MPB e Jazz, me ajudaram a perceber que os filmes metidos a besta devem ser assistidos com outros olhos e que artes plásticas e literatura tem de ser tratados como whisky. Não é da primeira vez que você vai gostar.

Depois de conhecer a maioria das coisas que eu gostava, chegou a hora de provar um pouco do que nunca tive vontade. Pagode, axé, micareta, escola de samba, balada GLS, Ballet, Opera entre outros.

Bem, a maioria dessas coisas continuei não gostando, mas reconheci o valor de cada uma delas, me preocupei em entender o que seus amantes buscam em cada uma. E assim, aprendi a suportar e tolerar todas.

A pessoa que me tornei não é das mais comuns. Pouca gente entende como posso ser assim. E você sempre tem medo do que não entende. Não culpo ninguém, me colocando em seus lugares também ficaria espantado como alguém pode ficar tão empolgado com um filme do Kubrick quanto com um CD do Jorge e Mateus.

Não me encaixo, não sou nada, mas participo de tudo, e isso não me faz melhor ou pior que ninguém. Mas sem dúvida alguma me faz mais feliz. Acredito que capacidade de adaptação a diversos ambientes é uma das maiores qualidades como adulto. E não sinto vergonha alguma de assumir que já tive preconceito radical em relação ao que é “inferior” ou popular. Mas também não sinto vergonha de dizer que me divirto (muito) com a maioria dessas coisas inferiores.

Bom gosto, mal gosto, é tudo questão de referencial. Os intelectuais dizem que os populares tem mal gosto. Os populares dizem que os intelectuais gostam de coisas estranhas. Mas no final das contas somos todos gente que gosta. Eu por exemplo ainda não gosto de (quase nenhuma) Novela, Big Brother, Forró, Raves de 3 dias ou revista Contigo. Mas você que gosta está convidado a me ajudar a gostar. Eu adoraria.

6 comentários:

anna disse...

"Eeeee, tchê, tchê"? – o que seria isso lá na tribo mesmo? =P

perfeito! essa capacidade de ver as coisas diferentes (as in aquelas que ainda não nos são comuns) com olhos de conhecê-las ao invés de repudiá-las é mto bacana. até pq há cada vez mais e não acho que seja assim tão divertido viver apenas e tão somente no seu quadrado. pelo menos, se dê a oportunidade de empurras suas paredes um pouquinho mais pra lá. eeee, tchê tchê!

e pode contar que te ajudo no que eu puder (ainda que os 5 temas citados não estejam no meu escopo principal) ;)

André Plath disse...

Bom dia... tudo bem?

Acredito que as tribos são mais uma maneira de nos rotular, quantificar e medir... Neste post você falou sobre as diversas fases da sua adolecência, fases as quais estou vivendo. Acredito que as transformações muitas vezes se fazem necessárias para que percebamos as diferenças existentes neste grande mundo em que vivemos e para que aprendamos a cada vez mais respeitá-las.
Gostei também da comparação do final sobre bom e mal gosto...

Kris Arruda disse...

Nada, rs... Mas passa o recado...melhor que "seguuuura peão" vai?

É bem por aí Anninha, A tendência que temos a nos tornar realmente intolerantes com o que não nos é conhecido é grande.

André, bom dia (tarde ou noite), é bem por AÍ. na adolescência, principalmente, é a hora de provar de tudo, ir mudando, até achar o que vc é. É muito fácil ir no embalo do que nossos amigos gostam/fazem. É mais prático e fácil.

Mas depois que começamos a "adultescer" isso diminui, e para grande parte das pessoas, se extingue. Isso não é legal, pois nos fecha muito a mente e nos faz velhos ranzinzas...rs...

Obrigado pelo comentário. Abs.

Edson Coelho disse...

Boas observações.
Só não entendi o "Mas sem dúvida alguma me faz mais feliz. "...
mais feliz com você mesmo por colocar o mesmo grau de animação com Kubrick e Jorge e Mateus, ou mais feliz que os outros que não fazem isso?
Porque se for quanto a ser mais feliz que os outros, eu já acredito que não. Há quem seja sim muito feliz só a base de Kubrick e congêneres, só o grupinho dos indies-descolados-intelectuais. Felicíssimos sem o pop, tanto quanto os que são felizes com ele.

(Vejo que a infelicidade pode estar mais presente quando eles vêm com os preconceitos e superioridades.)

Kris Arruda disse...

Edson, sou mais feliz pq menos coisas me desagradam. Tenho menos limitações e acabo me divertindo em um número maior de programas. Mesmo pq meu grupo de amigos é bem heterogeneo, então aparece de tudo.

Anônimo disse...

Eu sou um Pouco assim tbm
mas nunca experimentei nada eu não sei oq eu gosto
eu gosto do que eu escuto e só, eu não consigo colocar uma roupa de rockeiro e dizer que gosto sendo que eu tbm gosto de qualquer outra coisa