quinta-feira, agosto 31, 2006

Ela ou eles?

Adoro minha cidade. Sair ás 4 horas da manhã e ver aquele bando de carros nas ruas me dá uma satisfação imensa. Saber que tem gente perdida que nem eu, fazendo sei lá o que essa hora.
Odeio minha cidade. Sair ás 2 horas da tarde num sábado e pegar trânsito na rua de casa é sacanagem. Pra onde esse povo todo está indo numa hora dessas? Só pode ser complô.
É impossível ter o melhor dos dois mundos. Uma cidade agitada e movimentada que não te cause certos empecilhos.

É possível ter um relacionamento sério e amigos de verdade? Sério, como um casamento ou algo que rume para isso. De verdade, daqueles de ver toda semana, tomar cerveja junto e falar besteira madrugada adentro. Quando se trata de casamentos e mesas de bar, é possível ter o melhor dos dois mundos?

Quando encontramos uma mulher que nos faz acreditar que 1 é melhor do que 10 não medimos esforços para fazer com que a relação dê certo. Invariavelmente o esforço é recompensado, a parceria nos problemas a serem resolvidos, o abraço quente numa noite de frio. Não tenho dúvida que se o amor fosse atletismo, eu seria um fundista invés de um corredor de explosão.

A vida de “casado” é delicada. Se não se pretende abdicar do mundo e viver em exclusividade para a amada terá que viver com negociações políticas. Trocar uma ida no bar por um almoço na sogra, uma pizza com os amigos por uma noite com um casal chatíssimo. Mesmo assim não se livrará de uma encheção de saco ocasional. Ainda que você tenha passado a noite na casa de um amigo tomando cerveja e falando sobre as perspectivas do Coritiba na série B a cobrança pode existir como se tivesse ido num prostíbulo de segunda para dar um trato em alguma guria.

O desgaste pode se tornar insuportável, afinal até onde vai a paciência dos dois. Por um lado você quer tratar bem sua respectiva, lhe mostrar que ela é mais especial do que qualquer curitibana safada. Do outro não pretende abandonar os amigos justamente quando o campeonato está fervendo e pede a análise dos maiores críticos de futebol marginal existentes.

Será possível achar o meio termo, conciliar as duas coisas sem maiores prejuízos a nenhuma das relações? Dá para tocar as situações para que sua mulher não ache que está sendo preterida nem que seus amigos o acusem de frouxo?

Amo minha cidade. Nosso amor cresceu com os anos, depois de muitos engarrafamentos aprendi a lidar com suas vias, sair no horário certo e voltar antes que o tempo fechasse. Assim aproveito o movimento dos cafés de madrugada sem me irritar com o tempo que a conta demora pra chegar na mesa.

Enfim, chegando a um meio termo tudo pode funcionar, não saia todos os dias da semana com os amigos nem se tranque todas as noites com a esposa, abra exceções quando necessário e saiba entender quando ela quiser sair também. Assim se sairá bem sem maiores prejuízos, é só voltar pra casa antes do tempo fechar.

2 comentários:

Anônimo disse...

ela e eles.
não dá pra viver 100% do tempo com um, nem com o outro.
adorei!!!
te amo.
beijos

Anônimo disse...

Ai caramba... o dilema. Esse dilema. Equilíbrio entre as coisas. Tem horas que se pende mais para um lado, horas para o outro.

Difícil.

Mas o lance é tentar não abrir mão nem de um, nem de outro. Política, paciência. Ê vida.