quinta-feira, junho 08, 2006

Elas com elas

Sou uma pessoa que evita as convenções. Simpósios também, mas isso não vem ao caso. Se todos usam preto, quero o branco. Se todos ouvem Jazz ouço Polka. Se todos vão para um lado vou para o mesmo para não ser atropelado.Todavia, em um aspecto específico, apenas vou com a maré, sento na janela do bonde, sou um “Maria-vai-com-as-outras”. Quando se trata de fantasia sexual, sou comum e mundano, tradicional, não projeto nenhuma loucura fora dos padrões, quero o que qualquer homem adulto brasileiro deseja: Uma relação com duas mulheres, bissexuais.

Bissexuais. Não me engano no termo. Muitos se referem aos elementos dessa fantasia como um homem e duas lésbicas. Engano comum. Um homem e duas lésbicas resultariam no máximo em duas mulheres embrenhadas em beijos, toques e afagos, observadas por homem, boquiaberto, num canto do quarto. Ainda que o interesse por tal fantasia exista, não a coloca no topo da lista. No segundo lugar talvez.

Talvez seja por causa de nossas mães. Freud, provavelmente, explicaria assim, esse nosso desejo de nos relacionar com duas mulheres ao mesmo tempo. Mas eu discordo. Minha mãe não tem nada a ver com isso, aliás, ela é a última coisa que passaria pela minha cabeça num momento desses. Quem sabe primas.

Quem sabe não haja explicação. Pode ser inútil perguntar. Um homem quando escala o Everest só entende o sentido de tudo que fez quando chega ao cume. Só o cume interessa. A jornada serve pra encher lingüiça, contar vantagem, o cume é que traz a revelação. Esta por sua vez, fica guardada para o alpinista. Não se sabe a razão. Pode ser porque a experiência seja transcendental, coisa do eu com o eu-mesmo sabe. A batalha contra o insucesso, o medo, a dor. Ás vezes é uma lei universal, só saberão o porquê aqueles que chegarem aqui em cima. Ou talvez não seja nada interessante o suficiente pra ser contado. Algo do tipo: “Nossa, é alto mesmo”.

Mesmo assim, todos querem o cume. O desafio é tentador demais para ser deixado de lado. Já ouvi esses palestrantes de auto-ajuda dizerem que cada um tem seu próprio Everest. O de 99% dos homens é um ménage-a-trois, os restantes são alpinistas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sou alpinista.

Anônimo disse...

Adorei a parte da mãe... até mesmo Freud concordaria com a contundência da imagem...