sábado, outubro 04, 2008

Auto-Censura


Prestes a ir para um show do Fábio Jr.(melhor eu nem tentar explicar isso), me pego com uma vontade incontrolável de escrever. Sobre o que? Um milhão de coisas, mas nos últimos dias tudo que penso ganha auto-censura automática.

E não é que esteja querendo falar de temas polêmicos, tabus, ou coisa parecida. Mas parece que tudo que penso em escrever é proibido.

De volta a solteiricie de fato, após praticamente 7 anos, minha mente e corpo fervilham de novas sensações e sentimentos. Das mais depressivas até as mais eufóricas, e quero escrever sobre tudo. Porém tenho um bloqueio sério. Ainda que acredite que após um fim de um relacionamento acabe "matando" a pessoa com quem estava, tenho (quase sempre) uma necessidade incontrolável de respeitar o "espírito"da pessoa. Não consigo simplesmente fingir que a pessoa não existe e começar a falar aqui tudo que sinto. Tudo que possa ser mal interpretado, ofensivo ou possivelmente desagradável para minha ex.

Não, não acho que ela esteja parada, vendo o mundo passar ou chorando meu luto. Pelo contrário, sei que deixar de me namorar deve dar uma sensação das melhores possíveis. Não por eu ser um pessoa ruim, mas extremamente possessivo e intransigente.

Mesmo assim, não consigo. Penso em escrever e acho que vou soar como um adolescente babaca que tem a necessidade de provar que está melhor numa disputa onde não há prêmio. Por outro lado não quero parecer um ser desolado que não vê esperança nessa nova vida. Na real todos temos dos dois tipos de sentimentos, oscilamos entre a felicidade de novas descobertas e a melancolia de um futuro paralelo que um dia pareceu perfeito.

A vida está acontecendo, não me deixou parar pra respirar, vem como uma correnteza fortíssima de uma corredeira cheia de pedras, daquelas que voc6e tem certeza que vai morrer, mas nem por isso deixa de se jogar.

Em alguns momentos caio do bote, engulo água, corto o peito em uma ponta escondida, mas quando acho que estou me afogando consigo voltar pro bote, a tempo de remar com vigor, rumo a próxima queda, que promete, só promete, ser uma das melhores que já desci.

Acho que é justo, gosto da minha corredeira, e é ela que importa pra mim. As que já passei, foram ótimas, me deram ótimas sensações e dores descomunais, mas delas só trago a lembrança da experiência, como se fosse uma foto, que sintetizasse tudo num único quadro.

A foto fica guardada na gaveta, não olho mais pra ela, tenho o suficiente na minha lembrança. Não faz mais sentido saber da corrderia, nem ela de mim.

5 comentários:

Francisco disse...

Kris,

Nunca fiz um comentário no seu blog. Mas sempre li bastante. Adoro! E por incrível que pareça, esse seu post tem exatamente o mesmo do que eu estou passando.

Também tô num bloqueio criativo imenso no meu blog, e estou passando pela mesma situação que você (Quase 5 anos), é extremamente complicado.

Pois bem, você falou tudo! E a sua frase do "oscilamos entre a felicidade de novas descobertas e a melancolia de um futuro paralelo que um dia pareceu perfeito." é muito real. Me fez até me sentir um pouco melhor.

Abraço.

Francisco

Kris Arruda disse...

Opa Francisco, Muito bom saber que você sempre passa por aqui, e melhor ainda saber que meu texto te fez sentir um pouco melhor.

Passando pela mesma situação, sei bem como "se sentir um pouco melhor"é importante...

O tempo com certeza nos trará mais e mais felizes novas descobertas...

Abraço.

Cris Animal disse...

Advinha...olha eu aqui!
Acho que seu texto é o próprio luto em si. Não esse luto pra baixo,mórbido e só de lembranças do que foi e não foi, mas o luto que nosso corpo e nossa alma precisam depois que começamos qualquer ciclo na vida. É preciso respeitar esse tempo, pq ele vêm assim: como um turbilhão de sentimentos, emoções, culpas, dúvidas...isso é aprendizado e pular essa etapa seria perder uma chance de ouro de crescer para si mesmo. Os outros não importam. Aqui, o que importa é vc.
Seu texto, como sempre, como todos, carregado de emoção, de alma, de gente....acho que falei o desnecessário. Me perdoe! Vc sabe exatamente como viver esse tempo agora, pq há em vc uma coisa rara: coragem de dar a cara pra bater, ser transparente e dar a volta; não por cima, mas por si mesmo.
Bom recomeço, começo, novo ou velho....rs
Beijo....................Cris

Kris Arruda disse...

Ae Cris, que bom te ver por aqui. Concordo com você, sempre penso que o que não me mata me fortalece, então depois de sentir um pouco de dor e cicatrizar as feridas serei um cara melhor.

Vida que segue, legal ter pessoas como vc por perto para facilitar as coisas...

Bjo, agora vou xeretar seu blog...

Rafael Fujii disse...

as corredeiras que percorrem nossas vidas sempre trazem fortes emoções.
reme sempre a seu favor!