segunda-feira, outubro 20, 2008

Catando as migalhas


Essa semana começamos uma série lá no Agridoce, que será interessante. Dentro da nossa sessão “Tempero do Dia”, teremos como assunto semanal os sete pecados capitais, aplicados aos relacionamentos, como sempre. Cada semana um pecado, e o primeiro é a Gula. Quando abri o word para esboçar o que escreveria, nada vinha a mente, como colocaria o pecado no contexto.

Apelei. Contei minha agrura para uma amiga com qual conversava no msn, e rapidamente ela veio com a frase: “Gula tem tudo a ver com ansiedade”. Já achei fantástico. Mesmo assim, não satisfeito, começamos a desenvolver a idéia, depois de muitas lamúrias e risos de desespero, chegamos a um ponto interessante. Tanto somos gulosos, como somos vítimas de gula. Não vou tratar profundamente sobre o assunto aqui, senão quinta-feira não terei nada de novo para colocar lá no Agri. O que me chamou atenção no papo, foi essa história de sermos vítimas da gula dos outros.

Um exemplo a que chegamos foi a posição do “outro”. Não o “outro” sem vergonha, aquele que tem apenas desejo sexual, falamos sobre o “outro” que não tem opção. Ou se contenta com migalhas ou chora sobre elas. O “outro” sem opção não é guloso, prova disso é se contentar com migalhas, só queria, um dia poder comer um pão inteiro. Não precisa ser um sonho ou um bolo de fubá, só o pãozinho mesmo. Se for com manteiga dará pulos de alegria.

Ser o “outro” é viver vítima da gula de seu amante. É dar seu pãozinho inteiro para uma pessoa que já tem outro em casa. Mesmo que o amante diga que não gosta mais daquele tipo de pão, que está embolorado ou que nenhum pão é gostoso como o seu. O fato é que o amante quer é comer os dois pãezinhos, não importa a desculpa, e o “outro” sabe disso. Mesmo que negue.

O interessante dessa história é a consciência. Ainda que completamente irracional, injusto e egoísta, ambos, “outro” e amante, sabem que as coisas são assim e na maioria das vezes nunca mudarão. Podem espernear, chorar, terminar, mas sabem muito bem suas posições.

As razões para se sustentar uma relação destas são várias. A primeira é a esperança da mudança. Acontece o tempo todo. Conheço muita gente que troca de namoradas no esquema “revezamento 4x100”. Nem espera o bastão cair e já está com outra. Outros já sabem que as chances de um final feliz são ínfimas, mas preferem encarar a cama vazia nas noites de sábado para poder ter o sexo selvagem dentro de um carro em lugar incógnito.

Saber se vale a pena é que é difícil. Certo ou errado eu nem cito aqui, não é essa a questão, o que penso é que esse tipo de relacionamento é um labirinto cheio de espinhos. As migalhas estão lá para te levar a saída, mas você não tem idéia da distância, muito menos do que te espera do outro lado.

Um comentário:

Karine disse...

Muito bom!

Se o labirinto tiver saída tá ótimo!!!

O duro é catar migalhas pelo caminho e dar de cara com a bruxa...rs

Bjs