domingo, outubro 12, 2008

Mudando de nível.


Sair da casa dos pais nunca é fácil. Nunca se está pronto. Mesmo 3 anos depois de ter saído ainda sinto na pele os efeitos colaterais. Mudar em si não afeta tanto, se compra alguns móveis, deixa-se outros para um segundo (terceiro, quarto, quinto...) momento, e de repente lá está você, vivendo uma vida “pior” e pagando por isso.

O primeiro sinal do que está por vir são as primeira “compras do mês”, que no meu caso se tornaram “da semana”, afinal a dispensa é diminuta. Você sai comprando tudo que sempre usou na casa antiga, mas nunca soube quanto custavam. Agora você sabe, e isso dói. As roupas, as refeições fora, as viagens, tudo começa a pesar, e quando você percebe está jantando miojo pra poder comprar umas meias novas.

Foi difícil, mas percebi que não ganho a mesma coisa que meus pais. E seja lá qual classe sócio-econômica eu estava, não estou mais, desci de uma a duas letrinhas. Mas meus referenciais são todos da classe acima, não sei como fazer meu dinheiro durar um mês todo, e isso é no mínimo ridículo. Afinal sei que tem gente qeu se vira muito melhor que eu ganhando menos.

A primeira estratégia foi: Ficar rico como meu pai. Sem me estender muito, declaro que não deu certo. Consegui gastar como ele, já pagar...

A segunda estratégia foi: Definir prioridades. Ok, era simples, bastava eu decidir onde gostaria de continuar vivendo como um principezinho, quais gostos me daria e quais abandonaria. Funcionou por um tempo. Economizava de um lado para gastar do outro e vivia uma vida relativamente igual a antiga. Se não comia fora tantas vezes mais, quando comia era do meu jeito.

O que deu errado? Referenciais. Mantendo os mesmos referenciais não conseguia evitar de me sentir inconformado em não ter o “bom” sempre. Considerava estes mimos ocasiões normais, e não especiais como de fato eram. A balança de valores estava descompensada.

Como resolver? Foi então que comecei a me acostumar com a idéia mais óbvia e simples de todas. Abraçar minha nova classe sócio-econômica com todo carinho possível. Entender que a realidade é outra, e que isso não quer dizer que seja ruim. Cada dia que passa, ainda que não resista a tentação por diversas vezes, vejo que quanto menos tenho, mais feliz eu sou. E não é hipocrisia não. Ter muito, traz muito problema. Mais contas, mais impostos, mais negociações, mais dor de cabeça. Ter menos simplifica a vida, te dá menos opções e te ajuda a aproveitar melhor as decisões tomadas.

Não vou virar hippie ou coisa parecida, impossível, ainda sou um consumista inveterado, mas espero que cada vez mais que foque no que realmente importa, no que me faz feliz de verdade, abrindo cada vez mais minha cabeça para lugares, coisas, situações e sensações. Procurando sentir aquele gostinho de se surpreender com uma felicidade incontrolável proveniente de algo completamente desprovido de valor monetário. Que não precisa de glamour, marca ou vista pra praia. Que te faz feliz só de estar vivo para sentir aquilo.

5 comentários:

Rafael Fujii disse...

ufa! nao conseguiria imagina-lo hippie!

Kelvin disse...

Nem fale. Morei 4 anos fora de minha cidade natal e desde janeiro voltei. Já não sinto que moro em casa e sim na casa dos meus pais. Estou diante dessa decisão: morar só! Se tendo que me bancar sem contar com o carro deles e outros mimos, já tá sendo complicado, imagina tendo que arcar com tuuudo. AI AI AI... Mas a privacidade deve ser recompensadora.

Kris Arruda disse...

Fu, nem me esforçando muito hehehe...

Kelvin, nao é nada fácil, mas a recompensa é muito boa.

Unknown disse...

Nóó, nem fala, acho que morar sozinho, principalmente no meu caso, vai ser muito difícil. Tipo, uso o carro da minha mãe, não contribuo para as depesas da casas e não sei cozinhar. Aliado ao texto Certo ou Duvidoso, senti uma sensação horrivelmente chata, culpa sua, rsrs. Porque eu estava certo que ia mudar ano que vem, abandonar um concurso em que fui recém-aprovado para me jogar ao nada. E quando li esses dois textos, fiquei totalmente confuso. Rsrsr.

Esse blog é mto legal.
Vou continuar visitando!
Abraços kra!

Kris Arruda disse...

Putz Willyan, ferrei sua vida...hahahaha...

Mal aí, mas olha, eu quando saí de casa nada me levava a favor. Não tinha certeza alguma. Acho que é muito difícil sair sabendo onde se está pisando...