terça-feira, novembro 11, 2008

Cuidado!


A palavra, cuidado, pode assustar, pode preceder a palavra, perigo, ser sinônimo de atenção, alerta. Por muitas vezes, ao ouvirmos essa palavra, ficamos tensos, esperando o pior, torcendo para dar tudo certo. Mas não hoje, hoje falo do cuidado que relaxa, não por estar precavido ou coisa parecida. E sim pelo contrário.

Há algum tempo atrás uns amigos me “acusaram” de paternalista. Justamente. Reconheço que sou mesmo, quero cuidar de todo mundo e fazer o melhor para quem eu gosto, do jeito que eu gosto. Por isso, constantemente dou algo que nunca me pediram e esqueço de oferecer o que as pessoas realmente querem. Eu que adoro decifrar e ouvir, acabo não escutando.

Transformar esse tipo de característica não é fácil, é coisa que está enraizada nos mais fundos porões do meu caráter. Tem que bagunçar um monte de coisa pra mexer e inevitavelmente vou alterar a ordem das coisas. Cuidar sempre foi minha missão, se fosse pra chutar diria que tudo começou num dia em que minha irmã se perdeu na praia do Gonzaga em pleno verão. Eu devia ter uns 10 anos e ela 2.

Seja este o princípio ativo ou não, sei que sempre quis cuidar de tudo, e sofri por muito tempo não entendendo como as outras pessoas não eram assim. Como podiam simplesmente não ligar, ignorar, impor. Fosse em amizades, namoros, família, vivia num conflito infernal, alem de sempre me dar mal.

Depois de adulto, entendi uma das coisas mais importantes da minha vida, nunca esperar que fizessem por mim o que faço por alguém. Isso foi libertador e me permitiu criar relacionamentos adultos, em que não me chateio por besteira ou decepciono facilmente. A característica de cuidar se manteve, um pouco mais seletiva e menos intensa, mas no seu lugar.

Agora, chegando nos 30, aprendi mais uma coisa. Não que fosse um grande mistério, mas o óbvio para uns, é mistério para outros. Hoje vejo como cuidar de todos e não esperar nada em troca me deixou exposto. Dependo daqueles que, como eu, instintivamente cuidam, pois esqueci o que é “pedir água”. Não peço ajuda, cuidado, mimo ou qualquer coisa parecida. Tenho que estar sempre servindo, se preciso que me sirvam apelo, vou me arrastando até a cozinha se necessário.

Hoje, finalmente estou aprendendo a aproveitar pessoas como eu. Pessoas que gostam de cuidar, que preferem dar do que receber, que genuinamente se sente mal quando no lado contrário. Eu conheço bem o sentimento. Agora estou conhecendo o outro lado, e se aprender direito a lidar com isso, o que já era bom, vai ser bom ao quadrado.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que bonito ser assim e encontrar alguém assim! Torço por quem quer que seja "vocês".

Eterna Aprendiz disse...

Ai que texto lindo!
Conforme os anos passam, semelhante atrai semelhante cada vez mais.
Boa sorte!

beijos

Anônimo disse...

Achei esse texto a minha cara, sempre disseram que eu vivo na nota musical dó,que as pessoas acabam gostando de mim pelo que eu faço por elas e não pelo que eu sou.
Me preocupo demais,mas não consigo fingir que não é comigo,ajudo,faço o que eu posso e muitas vezes até o que eu nem poderia.Já cuidei de pessoas e deixei de "viver" como muitos disseram, aprendi muito e faria tudo de novo.
Fico triste qdo percebo alguém tentando levar vantagem achando que não percebo, mas cada um com a sua consciência.
Hoje em dia por muitas coisas que eu já passei estou pensando muito nesse assunto,ihhhhh...complicado. Até onde podemos ir...

Kris,prazer.
beijos

Kris Arruda disse...

Obrigado meninas.

Prazer Tica, lidar com isso não é das coisas mais fáceis mesmo...mas estamos sempre aprendendo... Seja bem-vinda espero que volte sempre.

Beijos.