segunda-feira, novembro 24, 2008

Beber, cair, levantar.



O álcool é o melhor amigo do homem. E da mulher também. Na minha adolescência, bebia whisky como se fosse, bem, whisky. Toda noite, toda balada, toda tarde ensolarada, na verdade tudo era desculpa para beber. Fosse cervejada da faculdade, whisky com energético numa quinta a noite ou chopp num fim de tarde de Domingo. O fato é que eu bebia muito. Mesmo que menos que muitos amigos.

Depois que comecei a namorar, aos poucos fui largando o hábito, não tinha mais tantas festas, já havia me formado, e o principal, não precisava pegar mulher. Sou um cara tímido afinal. Então minha resistência pra bebida foi caindo, até o ponto em que três chopps já me deixavam tonto. Quando me metia a beber mais do que isso, o céu caía sobre minha cabeça, e tinha ressacas homéricas. Sinal dos tempos.

O fato é que estava tudo sobre controle, até eu ficar solteiro de novo. Ao contrario de alguns amigos, que por muito tempo foram solteiros e não eram de cair na balada, e ás vezes nem eram de beber, eu sempre me acabei. Faz tempo, mas era assim. Saía todas as noites que fosse possível, bebia o quanto fosse possível, dançava o quanto possível. Esse sempre foi meu natural, nunca fui caseiro quando solteiro, apesar de adorar ser caseiro namorando.

Pois bem, eis que foi inevitável, acabei voltando para essa vida, aos poucos é verdade, e mais maduro. Não preciso mais “pegar alguém” pra me divertir, posso simplesmente aproveitar a balada com um bando de bons amigos, até colegas de balada. Não me prendo ao que costumava fazer e tento conhecer lugares novos, pessoas novas, ambientes novos. Mas isso já é velho.

Agora estou na fase de analisar o que é essa vida. O papel do álcool no lance todo, a necessidade de estar sempre fazendo alguma coisa, o quão efêmeras são as sensações e experiências. Sem hipocrisia, viver cada noite de uma vez, não saber onde vai chegar é bem legal, mas depende muito da presença de pessoas especiais, ou mesmo de experiências inusitadas, sonhadas. E todos sabemos quão raras são essas situações.

A impressão é de que na maioria das noites, o conteúdo absorvido é ínfimo, que se coleciona risadas como goles, e só. Nada te faz crescer, amadurecer, evoluir. Patinamos numa realidade tão difusa quanto nossa vista dobrada devido ao álcool. Essa coleção cresce e é super divertida de se contar, de se viver, mas nada mais do que isso.

Se divertir é uma das coisas mais importantes da vida, sem dúvida, mas e o danado do equilíbrio? E a construção de algo, e o sentimento de que se está indo para algum lugar, o desenvolvimento pessoal? Não sei, por enquanto não vejo isso, logo tento cada vez mais investir nas pessoas e experiências especiais que encontro, por mais que não sejam as mais loucas ou legais de contar. Do contrario, acredito que a vida vai acabar tendo tanto conteúdo quanto meu décimo copo de chopp no final da noite.

7 comentários:

Anônimo disse...

E eu aqui, do outro lado do pêndulo, também procurando equilibrar as coisas. Etâ, vida...

Kris Arruda disse...

Não é fácil Ca, e obviamente sempre achamos a missão dos outros mais fáceis que a nossa. Mas acho que com bastante observação e cuidado você consegue chegar lá sem depender do acaso ou sorte.

Anônimo disse...

Já perceber os dois extremos e conseguir ver (e/ou tentar estar) (n)um terceiro, não no meio, mas, como num tripé, capaz de ver os outros dois e ser um pouco de cada, já é bastante. Em três pés, dá pra se equilibrar melhor.

Camila disse...

Você tem toda a razão, Kris...

PS - Estou morrendo de vontade de saber quem é esse Anônimo... Fantástica a metáfora do tripé! Insight digno de uma boa sessão de terapia. Em geral, no meu imaginário, equilíbrio é essa coisa difícil, feita sobre um ponto de apoio só (se for numa corda bamba, tanto melhor!). Vou passar a considerar essa pequena e libertadora mudança de perspectiva. Tks!

PS2 - e eis que, sem esperar, se cresce, se amadurece, se evolui... o universo conspirando a seu favor, meu amigo!

Rodrigo disse...

Ahn... por onde começar?

Vida "lôka", momentos efêmeros, fugidios: bons, mas pouco relevantes pro "grande cenário da vida".

Vida com objetivo, razão, propósito definido: bom pro futuro, pode ser fantástico pra frente, mas e o hoje?

Abre aspas:
Discípulo pergunta pro mestre qual o sentido da vida. Mestre dá uma colher de óleo ao discípulo e pede que ele, com cuidado, ande o dia todo pelos corredores do palácio sem derramar o óleo.

O discípulo volta sem derramar uma gota, e o mestre pergunta se ele tinha visto os lindos tapetes das paredes, a fina pintura dos quadros, a harmonia perfeita da arquitetura. E o discípulo volta a percorrer o lugar, desta vez fruindo tudo.

Volta entusiasmado com as maravilhas do lugar. Mas, assim que volta pro mestre, percebe que derramou todo o óleo no caminho.

E o mestre arremata: meu filho, o sentido da vida é ter espírito aberto para apreciar a beleza do mundo ao mesmo tempo em que se carrega a colher da responsabilidade.

Fecha aspas: parábola antiga presente como nunca, e mestre filhadaputa como sempre.

Eterna Aprendiz disse...

Sábado dei uma desviada, mas já estou de volta à minha fase careta...kkkkkkkk

Prefiro ter total controle de tudo, principalmente sobre mim mesma.

Beijossssss

wall disse...

Costumo dizer que a faculdade é um grande laboratório da vida, foi lá que tive a primeira experiência com a bebida, meio que forçado, sempre tive muito auto controle e tinha medo de perder isso e fazer alguma besteira sem precedentes rs
Porém como em todo bom laboratório sempre há aqueles que nunca desistem, quando bebi pela primeira vez tive uma fusão de sensações que até hoje não sei se foram boas ou ruim a única coisa que sei foi que no dia seguinte acordei com uma ressaca horrível, com um mal humor ainda pior rs e é nesse ponto que quero chegar, será que vale a pena, encher a cara, rir de qualquer coisa que alias na maioria das vezes quando sóbrios essas coisas não tem graça nenhuma, reduzir nossa capacidade de pensar (pelo menos comigo é assim rsrs)ser motivo de chacota dos amigos, pelas barbaridades que você disse na noite passada, mas que você jura que não foi você...enfim eu cheguei a conclusão de que não vale a pena...hoje sou adepto da cola-cola e quando extrapolo é pq coloquei limão...rs