quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Desapego


Ontem fui assistir "Na Natureza Selvagem", ou "Into the Wild" se preferir.

O filme, dirigido por Sean Penn, mostra a história de um jovem que logo após sua formatura na universidade larga tudo para viver uma aventura. Ir até o Alasca. Em vez de comprar uma passagem e separar um dinheirinho pra ficar lá numa pousada um tempo ele prefere ser um pouco mais radical. Doa todo seu dinheiro, queima seus cartões, dinheiro, RG, abandona o carro. Praticamente mata seu antigo ser para renascer.

Esse não á nem de perto o maior desafio que o personagem interpretado por Emile Hirsch enfrenta nas 2 horas e 20 de filme. Mas foi o suficiente pra me deixar desesperado. Tenho muito medo de fazer algo parecido. Ainda que fosse 1% disso. Sou muito apegado a muitas coisas, tento mudar mas não tenho suficiente força de vontade.

O protagonista do filme, Christopher McCandless (ou Alexander Supertramp, como ele próprio se batiza após a queima do RG), é um desses aventureiros. Nasceu assim, muito mais livre do que a maioria das pessoas. A aventura até o Alasca era algo natural a seu amadurecimento. A maneira extrema que fez também, assim como Supertramp acho que só assim as coisas realmente funcionam.

Mas eu, nascido na maior cidade do meu país, visitante esporádico de sítios e viciado em conforto (traço de hereditariedade), como posso alcançar esse nível de desapego? Mal consigo sair de casa sem celular. Minto. Mal consigo descer pra pegar a pizza sem celular.

Supertramp, acompanhado de Eddie Vedder (compositor da trilha), diz que só se é feliz quando não se tem nada. Só se é realmente livre quando não se tem nada. Será que um dia serei feliz, será que um dia serei livre? Pensando dessa maneira, será que um homem numa penitenciária não tem mais chances de ser livre do que eu? Eu ou a maioria de nós presos a nossas vidinhas, a nossos salários medíocres e ao medo de arriscar tudo. (Tudo o que mesmo?).

Eu acredito em Supertramp, mas sei que vou abrir mão de boa parte da minha felicidade e liberdade em favor da TV a cabo. Porém quero sempre lembrar da sua história, de seu exemplo, pra talvez um dia ter isso que se tem quando não se tem nada.



PS: Não preciso dizer para vocês assistirem o filme né?

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