quinta-feira, dezembro 15, 2005

Amor, aliança e 23 dias.

Homens nascem com dons. Uns são dotados de extrema inteligência, resolvem problemas com facilidade, interpretam textos de sociólogos como fossem gibis e não mentem para suas mulheres. Uns são dotados de beleza inexorável, inspiram suspiros e ainda que mintam para suas mulheres não tem problema, afinal eles são “tããão lindos!”. Mas acredito que bem dotado mesmo é aquele que tem o dom de conhecer as mulheres. Sabe o que precisa sobre o sexo oposto e o que não precisa nem se arrisca a perguntar. Para o bem de todos. Eu nunca fui um desses.

Aos 18 anos de idade eu era bem bobo. Não assim bobo “dãããã”, um bobo legal. Ou melhor, eu era bobinho, ingênuo que só. Namorava uma menina de 15 anos, coisa que me colocava no patamar de igualdade. Eu achava pelo menos. Meu namoro era super maduro, afinal beijei e comecei a namorar no intervalo de sete dias. Namorar sozinho não é tão legal assim quando se tem 18 anos. Chamei a minha galera, ela a dela. Éramos 4 casais, um em cada quarto de uma grande casa em Alphaville. O que acontecia no quarto, morria no quarto. Eu achava pelo menos.

Qual não foi minha surpresa a descobrir que na verdade elas falavam tudo umas pras outras. “É natural”, diziam elas. Como assim? Estávamos envolvidos em relacionamentos sérios, amávamos pra sempre e provávamos usando alianças de prata nos dedos, isso não significa nada? Não há respeito nem pelos 23 dias de nossa história juntos? Não. Elas não achavam pelo menos. Contavam o que, quando, como, aonde e com que parte do corpo. Tudo que acontecia no quarto era detalhado.

Como representante da minha classe, convoquei na hora uma reunião. Na verdade terminei o meu amasso e assim que encontrei com a galera no carro (só um de nós tinha carta) na volta pra São Paulo derramei a verdade estarrecedora. Todos ficaram horrorizados. Me perguntavam sobre o amor, a aliança, 23 dias. Acalmei-os. Tínhamos que tomar uma atitude rápida, o caso demandava urgência. A solução foi genial. O tipo de coisa que você só faz achando que é inteligente com essa idade. Dar o troco na mesma moeda. Não preciso dizer que foi péssimo. O máximo que conseguimos foi ficarmos envergonhados. No máximo cobiçar a mulher do outro. O que foi ruim para alguns.

Isso foi o começo de um processo que nunca mais parou. Nós sempre falamos das putarias que fizemos nos quartos da vida, porém nossas namoradas são sagradas. O respeito é diferente, não queremos nossos amigos fazendo imagens mentais delas. São inevitáveis quando se descreve algo íntimo. Elas pra variar, se saem melhor nesse sentido. Não se incomodam geralmente. Aprendem mais umas com as outras e sabem muito bem quando algo é normal ou quando é pura falta de habilidade. Nós ficamos todos fingindo que sabemos tudo, eu por exemplo sei que enquanto não demonstrar dúvida ninguém vai achar que eu sou meia boca. Eu acho pelo menos.

5 comentários:

Anônimo disse...

É engraçado que, quando se é nova, as mulheres tem certeza que os homens é que contam tudo uns para os outros.
Muito legal o texto!
te amo.
beijos

Anônimo disse...

ops... quando são novas

Anônimo disse...

Engraçado... de certa forma é um consolo...
ou sou eu que estou meio de mal dos (benditos) homens. Parabéns pelo blog!

Anônimo disse...

o que acontece no quarto (cozinha, banheiro, etc, etc) fica no quarto! isso é sagrado!
quem dera a recíproca fosse verdadeira. também sofri essa enorme decepção uma vez!

Anônimo disse...

ohhhhhhhh life!