segunda-feira, novembro 29, 2010

Under Pressure


Nunca parei pra pensar se pressão era uma coisa boa ou ruim. Certa ou errada. Pois por mais que tais classificações sejam muito relativas, sempre penso em qual dos lados estão as coisas. Mas não com a pressão. Nunca decidi que era uma coisa ou outra, nunca me perguntei. Pra mim, pressão sempre foi como temperatura, existia, e você que a colocasse na equação.

A pressão dos meus pais, da sociedade, de mim mesmo, sempre esteve por aí, fazendo me sentir incapaz, atrasado, deslocado. Em geral me colocando na posição de um “underachiever”. Mal aí, mas não achei uma palavra em português tão boa.

Sempre achei que decepcionei meus pais. Não casei até hoje, não dei netos a eles, não brilhei, não fui um cardiologista renomado. A sociedade então, nem se fala, não me encaixei, incomodo a todos com meu estilo de vida, faço tatuagens visíveis e não faço questão de esconder. A mim mesmo, bem, essa foi a pior pressão de todas. Tenho pleno consciência de que não sou um gênio, não vou mudar o mundo, mas se tenho que me comparar a outro ser humano, sempre escolho a dedo. Darwin, Einstein, Cartier-Bresson, Luis Fernando Veríssimo.

Mas agora, aos 31 anos, resolvi fazer com a pressão o que faço com tudo na vida. Tentei entender. Fui lá escrever mais um verbete do meu limitado dicionário de sentimentos, emoções e outras coisas que o Aurélio não entende muito bem.

Uma noção de pressão que eu tinha, era de que ela era necessária. Cruel, mas necessária. Afinal, se não me pressionar para alcançar o que almejo, como conseguirei? Se já sou um zero a esquerda no planeta, não me pressionando farei menos ainda. Me acomodarei.

Meus amigos dizem para eu não me pressionar, mas no meu ver isso é pura conivência. Se me conformar, se aceitar demais minhas limitações, nunca conseguirei superá-las. A pressão é uma coisa boa.

Me pressiono para ser feliz, e essa é a pior pressão que existe. É como se pressionar para encontrar alguém que você ame e que o sentimento desta seja recíproco. Como se procura uma coisa dessas? Não pode dar certo, o nível de exigência tende a encontrar um dos extremos. Ou se acredita que a primeira que passar é a mulher da sua vida, ou ninguém é bom o bastante. Ninguém é bom o bastante depois de 5 minutos de conversa. A pressão é uma coisa ruim.

Daí, após um almoço típico, caio na real que tive um ano bom. Um ano em que poucas vezes perdi a vontade de viver. Coisa freqüente no passado. Um ano em que nada pesou, em que as tristezas e alegrias foram encaradas como o que são, momentos. Sem achar que o mundo não prestava ou que era cor de rosa.

Nesse ano não teve pressão. A única coisa que me prometi foi ser a melhor pessoa que eu podia ser, sendo lá o que isso fosse. Aceitei meus erros, aprendi com meus acertos, e tá tudo certo. Sem drama. Sem pressão.

Talvez a pressão seja como a temperatura mesmo, existe, é incontrolável, aumenta e diminui dependendo da época do ano, se está na praia ou na montanha, se tem ar condicionado ou não. Ok, mas sempre podemos tomar uma ducha gelada ou ficar embaixo do edredom, certo?

5 comentários:

Anônimo disse...

também acredita que a pressão é algo intolerável, mas existe, tá aí e não é sempre que conseguimos controlá-la.

eu me coloco em pressão e me sinto pressionada por todo mundo. mas também venho tentando ser a melhor que posso. :)

Kris Arruda disse...

Tamo junto então, Carlinha.

Diandra Fernandes disse...

E pressão pode ser sim a good thing. Tudo depende do ângulo...

XO

Kris Arruda disse...

Só não pode ser demais, Di.

Diandra Fernandes disse...

Dose certa em tudo is key. rs

XO