terça-feira, março 24, 2009

Azar no jogo. Azar no amor.


Foto de hennessey|g

Adoro ir contra ditados, mesmo os adorando. São bons de usar quando lhe confortam, quando lhe servem de alguma maneira. Mas na maioria das vezes, percebemos que cada caso é um caso, e definir certo ou errado é uma das coisas mais impossíveis que podemos tentar.

O ditado diz que se você tem sorte no jogo, acaba tendo azar no amor. Eu até consigo acreditar que exista alguma razão lá no Egito antigo para se acreditar nisso, mas quando paro pra analisar me pergunto: E o amor por si só? Não é um jogo?

É, sem dúvida. Por mais que desejemos que, viver esse sentimento seja uma coisa simples e natural, descobrimos bem cedo que, caso não aprendermos as regras e táticas, nunca nos daremos bem nesse quesito. Peões, tabuleiros, dados, o amor tem tudo isso, travestido de lugares, pessoas e protocolos.

Mais cruel ainda é saber que o amor não é um jogo baseado em estatísticas. Não basta treinar, aprender com os melhores, ou praticar muito. Também não é um jogo baseado apenas em probabilidades, não se ganha apenas com sorte, é necessária uma boa dose da habilidade para ganhar mais do que perder.

Poker. Somos todos jogadores de poker. O jogo de azar mais humano que existe. Uma boa mão nunca vai lhe garantir a mesa, muito menos o jogo. Ser um bom blefador também não o salva de perder todo seu dinheiro, caso nunca for agraciado por alguns presentes do dealer.

E aí? Como viver num eterno jogo de poker, como lidar com ameaças, mesmo tendo um full house na mão. Como apostar tudo que tem com um par de valetes? Desesperador. E excitante.

Em nossas intermináveis partidas de amor, podemos ser bons o quanto formos, ter ganhado um milhão de jogos, que não estamos livres de ser massacrados por um principiante sortudo. E obviamente, ter essa consciência, exige muito mais de você, exige a calma e ousadia necessária para continuar no jogo pelo grande prêmio.

Eu nunca gostei de jogos de azar, mas sempre admirei o poker, a possibilidade de vencer a sorte, independente das probabilidades, é um dos maiores desafios que já reconheci. Mas nem por isso deixo de sentir apreensão e medo ao sentar de frente ao feltro verde.

Não vou sair antes, não vou garantir minhas fichas, sigo na mesa até conquistar o máximo possível ou ter que pedir dinheiro emprestado, mas sigo, arriscando o que não tenho, o que já perdi e sei quão difícil foi recuperar. Sempre esperando uma seqüência de blefes certeiros e royals providenciais. Enquanto o jogo não termina, pratico minha poker face, deixando meus adversários cada vez mais atônitos, pagando pra ver quando quero, e correndo quando preciso.

3 comentários:

Karine disse...

Hei!!!

Até que enfim! hehe

O jogo está presente em todas as áreas da nossa vida, felizmente (papinho mais big brother..rs), o que é muito bom, pois exercita a mente e fortalece o coração.

As vezes o que parece ser azar pra gente pode ser na verdade uma grande sorte.

E não adianta querer facilitar mudando pro "jogo da velha", o tédio chega tão rápido quanto o fim do jogo.

Continuemos no "poker" é mais divertido! ;)

Bjs

Texto excelente!

Anônimo disse...

Mais uma vez... vc se surpreende a cada texto...
Parabéns!!! excelente!

Ciça

Camila disse...

Sempre me surpreendo com as várias visões que as pessoas têm sobre o amor. Para mim o amor é o oposto do Poker: muitas vezes a parte mais difícil é saber quais são suas cartas e o que você busca de verdade. Por isso acho uma perda de tempo blefar no amor: só torna as coisas ainda mais complicadas do que já são. Amor, pra mim, é quebra-cabeça: jogo aberto e todo mundo colaborando para tentar encaixar as peças.