sábado, julho 26, 2008

Elétrico!


Era uma tarde normal. Dedilhava o teclado e chacoalhava o mouse numa produtividade incrível. Estava elétrico, alguém diria que eu estava ligado na tomada. Home Office funciona muito pra mim, sem telefone tocando, sem levantar para abrir a porta, sem bebês visitantes. Trabalhar em casa é um alivio tremendo quando faço algo que precise de inspiração e concentração. Mesmo que o sofá esteja ali pertinho e a TV a Cabo com suas dezenas de canais seja sedutora. No fim, o que vale é trabalhar quando e como esteja melhor preparado para isso.

Enfim, a tarde era boa, uma grande caneca de café e os pés descalços sob a mesa de vidro era tudo que eu precisava para finalizar coisas que já deveriam ser história. Palavras se tornavam texto, rabiscos se tornavam imagens e de repente a razão da vida acaba. A luz. E não é de inspiração que eu falo, é luz mesmo, energia. Paciência, deve voltar logo, vou fazer um break no sedutor sofá. Queimo um Marlboro, termino o café, flerto com um cochilo que se tornaria hibernação e nada da luz. Melhor ir para um Starbucks terminar o trabalho.

Saio no hall do apartamento e a luz se acende, testo mais uma vez a do meu corredor e nada. Deve ser luz de emergência. Chamo o elevador e o danado me atende. Ué. Meu prédio não tem gerador. Intrigado pego o interfone para entender com Seu Almir o que está acontecendo. “Cortaram sua luz Seu Cristiano”. Como assim? Não pode ser. Isso não aconteceu comigo antes. Fico nervoso e desço pra garagem, não me cofrmo, vou até a portaria, tá lá o atestado de picareta. “Sua conta de validade 02/04 não foi paga”. Nem culpar a greve dos correios eu posso. Muito menos Seu Almir que olha pra mim com uma cara de que não me emprestaria nem 2 “real”. Numa última tentativa subo de novo ao meu apartamento, por um momento fico feliz do problema ser só no meu apartamento, ia ser cansativo esse sobe e desce de escada. Vou até a pasta de contas pagas, Aba de Abril, ta lá a conta, Aha! Aha nada, sempre anoto a data que paguei a conta. Estava lisa como se tivesse acabado de chegar, Mentira, tava amassada como se tivesse ficado perdida dentro da mala do meu notebook. Mas não tinha nenhuma anotação com minha letra infantil.

Quando me conformo que sou um caloteiro mesmo, e mais do que nunca um irresponsável financeiro, me lembro de uma reunião na Paulista. Ok, passo no banco no caminho rapidinho. Obviamente erro o caminho. O caminho pra Paulista. Raios, moro nessa cidade desde que nasci e não sei chegar na Paulista? Ok, vou ter que deixar pra pagar a conta depois. Nesse momento percebo mas não penso muito sobre o assunto. Vou dormir no escuro, sem meus companheiros de todas as noites, os Caçadores de ÓVNIS do History Channel. Sim, tenho mais medo de dormir no escuro do que com ETs.

A reunião me acorda, não sei porque voltei ao humor de antes, deve ser porque na TV Gazeta tinha eletricidade, me sentia mais seguro. Saí de lá e fui para casa do Murilo. Íamos fumar charutos como todas as terças, mais do que isso, depois da estressante precisava muito recarregar as baterias. Do notebook e do celular. Sem eles não sou nada. O vinho do porto e o cohiba robusto me devolveram a energia, os apetrechos tecnológicos também saborearam as tomadas. Estendi até tarde a esbórnia do tabaco para que chegasse com mais sono em casa até que depois de rir (na verdade ser sacaneado) muito da minha situação era hora de encarar o escuro. Agradeci encarecidamente meu salvador que possibilitou que pelo menos muscia eu pudesse ouvir antes de dormir, fiz questão de agradecer efusivamente sua ajuda e desejei a ele tudo que um macho moderno necessita. Muita luz.

PS: A Eletropaulo, que achou mais fácil mandar um funcionário cortar minha luz de vez ao invés de me mandar uma carta avisando sobre o valor em aberto, foi muito eficiente no dia seguinte ao religar minha energia após o pagamento da conta e módicos 32 reais pelo serviço de urgência. Valeu cada centavo.

3 comentários:

DRM disse...

Hahahaha, morri quando li: "Muito menos Seu Almir que olha pra mim com uma cara de que não me emprestaria nem 2 “real”."


Sem água é menos difícil que luz...
pois não somos privados dos confortos tecnológicos, que se transformaram numa verdadeira parte do nosso corpo.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Graças a Deus os tempos mudam né filhão ? Eu adoro tecnologia mas quando eu era criança uma das diversões era nos reunirmos para o meu tio a luz de velas hehehe contar Histórias de terror.Um beijo