terça-feira, março 29, 2011

Toxic!

[2008-11-13] Love is a drug [swallow]
Não existe dúvida, seja você usuário ou não, o efeito de narcóticos (ou tóXicos, como diz meu pai) é extremamente agradável. Não é a toa que tantas pessoas no mundo se viciam. Seja para esquecer os problemas, enxergar o mundo com outros olhos ou puro entretenimento, drogas causam sensações que não podem ser replicadas. Não na mesma intensidade, com a mesma eficiência.

Essa é a parte boa, todos sabem também da parte ruim. Quanto mais alto a droga te leva, maior será a queda. Invariavelmente, para se recuperar de um tombo recorre-se a droga novamente, e assim se cria o vicio.

Alguns relacionamentos são assim, tóxicos. Contém todos os mesmos efeitos e conseqüências, qualidades e defeitos de qualquer narcótico de uso recreativo. Mas disfarçados de amor e paixão, passam batido. Não há alerta dos malefícios, não tem campanha na TV, os pais não recriminam, e os artistas adoram romancear. Ao mesmo tempo que levam ao êxtase, amortecem e acalmam, não dão a menor idéia do preço que há de se pagar. Causam as piores ressacas, crises de abstinência torturantes e dependência extrema.

Se livrar dessa dependência é tão difícil e doloroso quanto se desintoxicar de narcóticos. Sem poder apelar a uma clínica, durante a crise de abstinência, improvisa-se com livros, filmes, sorvete, amigos, e não coincidentemente, drogas. Tudo para preencher o vazio, pra substituir o “barato” do relacionamento tóxico. Assim como qualquer viciado, nem ao menos um pouco da droga pode ser consumida, o corte tem de ser radical, nenhum contato com aquele que fez tão bem. E tão mal.

Atravessado o inferno da desintoxicação, o organismo está limpo, resquícios ínfimos de toxina, o coração bomba sangue a todo vapor. Algum tempo em observação e se está pronto pra outra. Sim, outra, porque é pra isso que estamos aqui, certo? Viver, e não existe vida sem risco. Agora no entanto, com uma cicatriz, daquelas que incomodam nos dias de frio, que não deixam esquecer o que a causou e como foi o processo de recuperação.

5 comentários:

Imara disse...

Dificil mesmo é quando não dá pra apenas "deletar" a pessoa,pq os filhos em comum te obrigam constantemente a ter este contato.
Aí quando vc pensa que está "sarando", lá vem aquela sensação de frio na barriga, boca seca e coração descompassado...
E por mais que vc já esteja racionalmente convencido que aquele "alguém" te faz mais mal do que bem, o frio na barriga não passa nunca !

Anônimo disse...

Perceber que uma pessoa que te fez tão bem também fez tão mal êh complicado. Difícil admitir, difícil tirar essa pessoal do pedestal ...
Concordo que a melhor coisa êh nao ter contato, por mais difícil que isso possa parecer, pq nao saber nada de uma pessoa que foi tão importante na sua vida êh no mínimo estranho.

Kris Arruda disse...

Putz, Imara. Aí complica mesmo. Tem que ter muuuuuuita disciplina e força de vontade. Mas tendo a consciência já ajuda muito.

Anônimo, eu acho de certa maneira ridículo cortar contato por completo com uma pessoa que já foi todo o mundo pra mim. Mas não consigo achar outra maneira de viver saudavelmente. Ás vezes é por respeitar esse relacionamento que vc tem que fazer isso.

jpv disse...

wow! é isso mesmo.

Unknown disse...

"Ás vezes um acontecimento muito insignificante pode ter num indivíduo um efeito desmesurado. Depende das circunstâncias e da sua disposição no momento." pág.58 de O Fio da Navalha de Somerset Maugham.
Assim se (des)aprende a viver com emoção.